Esses dias foi a França, agora a Turquia. Como as demais nações atrasadas do Velho Continente, elas continuam a votar em cédulas de papel, preenchidas manualmente. E, mesmo assim, conseguem contar as dezenas de milhões de votos no mesmo dia, horas depois do encerramento da eleição. Qual será o segredo dessa gente?
Com o auxílio da urna eletrônica deveria ser ainda mais fácil, pois a contagem poderia ser realizada de forma mais simples nas próprias seções (cada uma responsável por não mais que 500 votos) e filmada por celular, online, antes do transporte das cédulas para uma central onde ficariam guardadas por algum tempo para qualquer revisão.
Mas os iluministros falaram que não pode, que isso nos faria voltar a um passado em que pessoas do mal roubavam algumas urnas e inseriam cédulas falsas em outras. O estranho é que eu votei em 89, 94 e 98, quando o voto ainda era total ou parcialmente manual, e não lembro de nada disso, mas é melhor não discordar.
Ter uma opinião contrária a dos iluministros será considerado crime, segundo o Telegram. Mas há dúvidas, pois os iluministros garantiram que não querem censurar ninguém e, para deixar isso claro, mandaram o Telegram apagar a mensagem anterior e colocar uma outra, ditada por eles.
Ufa, assim a gente se tranquiliza. Nada como a democracia, aquele sistema em que, segundo os seres de "inteligência sub-humana" (by Paula Schmitt), alguém decide tudo pelo povo, trazendo - igualdade, igualdade! - os normais para o mesmo nível deles. Imagine então se aprovarem o PL, aí vai ser democracia até demais.
Falando nesse assunto e voltando ao outro, parece que a democracia vai renascer na Turquia. Quem diz é uma moça que escreve na Foice, num jogo de palavras com o título do livro "Como as democracias morrem", que tanto encanta os mentores dos sub-hu. E o milagre se dará, acredite, através de uma eleição.
Não é mesmo incrível? Independente de suas diferenças, caras como Erdogan, Trump, Orbán e Bolsonaro (e quem mais desagrade aos autores) matam a democracia, mas permitem que adversários de verdade concorram contra eles na próxima eleição. Olhando de longe, a gente diria até que a democracia continuou funcionando.
Só falta agora explicar como a democracia pode renascer em países como Cuba, Nicarágua, Venezuela ou qualquer outro em que a turma do Foro de São Paulo conseguiu se estabelecer de vez e as eleições são só para inglês ver. Mas eu desconfio que com essas mortes a autora do artigo da Foice não se preocupa muito.
De qualquer modo, a moça se precipitou e escreveu antes da contagem de votos, confiando nos institutos de pesquisa. Erdogan obteve 49,94% dos votos e deve levar no segundo turno. Mas, claro, se ele vencer não é democracia. E diga o contrário para ver se o STF não manda restabelecer a verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário