sexta-feira, 7 de abril de 2023

Vencedor do dia

O pessoal tem a mania de contar algumas histórias pelo lado de quem perdeu, mas, como disse aquele pensador na primeira eleição presidencial com TV, "para que alguém ganhe é preciso que alguém perda". E faz tempo - 1990 anos segundo a contagem oficial que não pode ser auditada - que este dia tem um vencedor.

Assim, sejamos esportistas e enviemos nossos parabéns ao grande Barrabás, o barbudo retirado da prisão e perdoado por seus crimes para resolver o problema que incomodava o supremo poder da época de modo aparentemente democrático.

É aparente porque o resultado da eleição que o deixou numa boa tampouco pode ser auditado. Mas os antigos institutos de pesquisas eram mais sérios que os de hoje e foram unânimes em afirmar que sua vitória foi de pelo menos 55x45, nada daqueles números apertados na casa do um por cento.

Poderia ser diferente se os isentotes, uma seita de fanáticos de então, tivessem votado numa das duas opções. Mas, como eles esperavam um escolhido divino que nunca aparecia, não quiseram se envolver numa disputa que diziam ser entre iguais - "os dois usam barba", era um de seu argumentos - e saíram à romana, lavando as mãos.

Com isso cresceu o peso dos companheiros de Barrabás, os criminosos que o preferiram numa proporção estimada entre 80 ou 90%. Claro que isso mostra quem era realmente o sujeito e nos leva a perguntar como permitiram que um óbvio representante dos bandidos pudesse vencer? Pois é, naquele tempo antigo podia.

Outro problema foi fazerem a eleição por aclamação. Sem necessidade de escrever o nome do candidato, os analfabetos puderam votar como os demais e compareceram em peso à seção. E a votação de Barrabás entre eles foi quase tão esmagadora quanto à obtida junto aos seus colegas de crime.

Mais tarde circularam rumores de que muitos destes eleitores tinha sido transportados em carruagens irregulares e vendido seu voto em troca de uma porção de cevada. Mas aí Inês já era morta, por assim dizer.

Ficou a lição e, desde então, nenhum local civilizado permitiu que injustiça semelhante àquela se repetisse. Mas não vamos cair no truque que criticamos no início e voltar a contar a história pelo lado de quem perdeu. Hoje é dia de festejar Barrabás, o bandido que se deu bem.



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