Basta lembrar de quando arrumávamos nosso menininho ou menininha e o deixávamos numa escolinha ou similar para começar a imaginar o que sentiu quem, ontem, em meio ao que até então era um dia normal de trabalho, recebeu a notícia do que havia acontecido ao seu pequeno na creche em Blumenau.
Falei em "começar" porque é algo tão arrasador que a gente acaba por se afastar do pensamento antes de mergulhar no abismo em que estão aqueles que não têm mais essa opção, pais e parentes próximos dos que se foram ou estão lutando pela vida neste exato momento num hospital.
No entanto, há gente que tem a mesma opção que nós e decide falar sobre a tragédia. Mas não para lamentá-la (embora digam fazê-lo para não ficar tão feio) ou propor soluções práticas para que outras não aconteçam. Eles a utilizam para tentar auferir vantagens políticas.
Parece monstruoso. E é. Mas talvez seja possível entender como funciona a mente depravada desse pessoal se nós, medindo-os pela própria régua, lembrarmos do que já fez o cara em quem eles votaram na última eleição.
Enquanto cumpria pena por um de seus vários crimes, esse camarada perdeu também uma criança, um neto. Precisou de autorização judicial para vê-lo pela última vez e saiu do cemitério com cara de triste e cercado por policiais, como se pode ver numa foto que foi muito utilizada por seus seguidores na ocasião.
Pois bem, essa não é uma foto qualquer. Ela foi tirada pelo seu fotógrafo particular, que chegou ao cemitério horas antes para posicionar-se no local que lhe pareceu melhor. Ou seja, foi tudo posado, combinado, um material de propaganda criado justamente para ser usado como foi.
Que tipo de sujeito, numa ocasião dessas, se preocupa em acionar seu fotógrafo particular para registrar sua presença? Mesmo para o elemento em questão, que já havia feito comício sobre o caixão da esposa e quis repeti-lo na morte de um irmão com quem nem se relacionava, a exploração da morte do neto parece demais.
No entanto, ele fez isso. E muito mais. Além de manter íntimas relações com ditaduras e movimentos terroristas dos países próximos, ele é o preferido de nove em cada dez detentos que pode votar por sua defesa da "classe", incluindo-se aí os que roubam e eventualmente matam para tomar uma cervejinha por conta da sua vítima.
Quem vota em alguém assim - ou não vota na opção oposta - não se preocupa com essas coisas ou com estatísticas que mostram em qual governo a criminalidade mais cresceu ou mais diminuiu. Ele se apegam a uma tragédia isolada e a atribuem ao inimigo, uma hora porque ele está no governo, na seguinte porque ainda existe.
Se as crianças fosse negras diriam que foi racismo e o creditariam ao adversário. Se o assassino fosse negro, o transformariam em vítima e repetiriam o restante do discurso. Esse dias mataram mais meninas e alguns deles viram machismo por trás de tudo. Ontem foram mais meninos e eles não disseram nada.
São doentes, como dizíamos ontem, estendendo a definição aos que se deixam influenciar por esse tipo de discurso e continuam a votar em gente assim, que defende o crime e prega o ódio enquanto tem a cara de pau de dizer que faz o contrário. Mas são mais que doentes, são verdadeiros monstros.
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