Na mesma Foice de que falamos ontem, uma senhora chamada Becky Korich volta aos choramingos contra os emojis da empresa do "bilionário mimado" Elon Musk, um malvadão que não dá satisfações para a "imprensa profissional". Mas será que é isso mesmo?
Só se você considerar que a Foice faz jornalismo profissional e a BBC não faz. Apesar de não ter ficado imune ao wokerismo e ter repetido o erro do El País ao contratar um pessoal que a esculhambou no Brasil, a britânica continua anos-luz à frente daquela "imprensa" cujos ombudsmen acabam em blogs petistas.
E Musk deu uma recente entrevista à BBC, respondendo pessoalmente a tudo o que repórter perguntou. Este é que engasgou e travou quando o bilionário pediu um exemplo do tal "discurso do ódio".
Um (01) exemplo, um daqueles que a gente sempre pede. Até hoje não vimos um único daqueles zaps hipnóticos com os quais Bolsonaro virou a eleição no último instante em 2018. Ainda estamos esperando pelo húngaro preso por falar mal do terrível Viktor Orbán. Por que eles nunca nos dão esses exemplos concretos?
Eles existem. Tem gente presa por ter emitido uma opinião, feito uma piada ou participado de um protesto. Está cheio disso em Cuba, na Nicarágua, na Venezuela. No Brasil, os apoiadores dessas ditaduras também censuram e prendem como podem. Os exemplos são muitos. Só o jornalismo de 💩 da Foice é que não quer ver.
Ainda respira
O combate às fake news, uma demanda importante e necessária, não deve justificar censura, limitações à liberdade de expressão e prisões arbitrárias e ilegais. Quem vai dizer o que podemos ou não consumir? Quem vai definir o que é ou não fake news? O Estado? O Executivo? Os ministros do STF? Transferir para o Estado a tutela da liberdade é muito perigoso. Fake news se combatem não com menos informação, mas com mais informação, e informação mais qualificada.
A reinvenção do jornalismo, a recuperação do encanto, passa necessariamente pelo retorno aos sólidos pilares da ética e da qualidade informativa.
A crise do jornalismo está ligada à falência da objetividade e ao avanço do subjetivismo engajado e das narrativas divorciadas dos fatos. Quase sem perceber, alguns jornais sucumbem à síndrome da opinião invasiva. Ganham traços de redes sociais. Falam para si mesmos, e não para sua audiência.
O texto acima é parte do artigo que Carlos Alberto Di Franco publica hoje no Estadão. Está correto, é o óbvio. Mas, na atual imprensa militante brasileira, soa revolucionário. No próprio jornal em que ele escreve, cada vez mais Ex-tadão, parece apenas um daqueles raros momentos de lucidez do paciente que delira em seu estágio terminal.
Imagem: Ciência e Caridade (Pablo Picasso aos 15 anos, em 1897).
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