sexta-feira, 31 de março de 2023

Reestreia adiada

Se, como dizem as notícias e festejam capachos do colunismo, o desgoverno apresentou o tal arcabouço ontem para tentar ofuscar o retorno de um cidadão ao país, parece óbvio que esse camarada é tão importante que sua simples presença pode competir com o modo como trataremos os gastos públicos nos próximos anos.

A propósito, os elogios ao calabouço do ex-presidiário são fraquinhos, do estilo "pelo menos eles estão falando de controle". Só quem disse ter gostado abertamente foi Tia Reinalda, o capacho-mor. Olhando por alto, parece que a coisa só funciona se houver aumento de impostos. Ou de inflação, que aumenta nominalmente a receita.

Voltando a quem voltou, a irritação não foi tão grande entre os lulopetistas, que lidam com essas coisas como de hábito, chamando o cara de fascista, dizendo que ninguém mais o apoia etc. Quem se mostrou mais indignado foi o pessoal estilo Ex-tadão, que fez o L, mas quer ser visto novamente como inimigo do PT.

E não é para menos, bastava acompanhar seus artigos e editoriais para verificar que eles estavam trabalhando há meses na nova versão do antigo sucesso, as paredes haviam sido pintadas, o piso do placo trocado, os artistas devidamente ensaiados, até o letreiro luminoso já havia sido encomendado.

E aí, de repente, o cara reaparece e eles percebem que todo o esforço foi em vão e a reestreia do Teatro das Tesouras precisará ser adiada, talvez até abandonada definitivamente por falta de público.

Uma fórmula que funcionou tão bem por tanto tempo... Deve dar mesmo muita raiva. E o pior é que eles não podem desopilar como os petistas, soltando cobras e lagartos. Estas coisas fazem até mal para a saúde, mas eles precisam disfarçar seu ódio sob argumentos pretensamente racionais.

Foi assim que o editorialista do Ex-tadão criou o título Com Bolsonaro vem a bagunça, que é seguido pelo resumo da explicação: "A volta do ex-presidente restabelece o caos na política. Bolsonaristas e lulopetistas prosperam nessa confusão, com que o País perde. Espera-se que a oposição civilizada se apresente."

O editorial está lá para quem quiser ler. Mas sua "oposição civilizada" é a "verdadeira direita" de outros, um pessoal que discutiria questões técnicas de terninho e calculadora na mão, esquecido das pautas culturais que o jornalão decreta como secundárias sem consultar a população.

Mas o interessante é que existe um valor que não cabe na calculadora e que o Ex-tadão se orgulhava de defender até pouco tempo atrás. Era a liberdade de expressão, a luta contra a censura, um tema que também faz parte da batalha "cultural" de Bolsonaro contra o lulopetismo.

Por que ele não fala mais disso? Porque aí teria que combater o lulopetismo de verdade e, na hipótese deste ficar outra vez sozinho contra o bolsonarismo num segundo turno se veria obrigado a admitir que este é que está muito mais próximo do que ele, Ex-tadão, sempre alegou defender.

Mas aí o show das tesouras acabaria de vez.



Nenhum comentário:

Postar um comentário