terça-feira, 21 de março de 2023

O comunismo é nosso

Como 90% dos leitores deste blog previam (com margem de erro de 2% para mais ou para menos), os institutos de pesquisa voltaram a atacar depois da desmoralização na última eleição e o Ipec é o Vox Populi de banho tomado que foi escolhido para fazer dobradinha com o Datafolha pelos próximos tempos.

Não, eles ainda não tiveram coragem de dizer, como diziam quando ele ocupava a presidência, que Bolsonaro é apoiado por apenas 12% de extremistas e não chegará ao segundo turno da próxima eleição. Essas mentiras mais escandalosas os institutos estão deixando para depois.

Por enquanto, eles encontraram 57% de brasileiros que defendem o surgimento de uma terceira via entre lulopetismo e bolsonarismo. O que foi muito festejado pelos fazedores de L envergonhados (tucanos, mbls, etc.), mas não significa absolutamente nada em termos eleitorais e é um número até baixo se você pensar bem.

Você quer um terceiro sabor de sorvete para escolher na sobremesa? Quer ter mais ofertas de trabalho? Quer ter outra pessoa do sexo oposto (ou do mesmo, calma aí turma da república) interessada em você? Quem não quer? Só que mudar depende do que vier, se o sabor for pepino selvagem você vai continuar no morango ou chocolate.

Mas o que me pareceu mais interessante foram os 44% de entrevistados que responderam ter medo do comunismo. Levando em conta que quem tem esse receio normalmente está mais à direita e a margem de erro real do Ipec, sempre desviada para a esquerda, o número verdadeiro deve estar próximo da metade.

Ou seja, cerca de metade do eleitorado tende a apoiar quem se mostrar anticomunista, independente de sucesso ou fracasso econômico de algum governo. Essa é uma vitória da direita em termos ideológicos, culturais.

Claro que aqui não se está falando da direita de shortinho limpo nem, muito menos, da definição acadêmica de comunismo. Trata-se de uma direita que inclui o pastor da periferia de Bíblia na mão e de um comunismo que vai da censura da internet à propaganda trans nas escolas públicas.

Esse "comunismo" é um termo quase tão amplo e dissociado do significado original quanto o "fascismo" que a esquerda vê em tudo. A diferença é que o segundo nunca foi muito popular e se desgastou enquanto o comunismo como xingamento e resumo de um pacote parece estar indo muito bem.

Prova disso são os colunistas que escrevem por aí, deplorando a ignorância do eleitorado que nem sabe que comunismo é uma coisa que já acabou.

Não interessa, queridos, o desespero que escorre de seus textos é a maior demonstração de que o termo foi muito bem escolhido para resumir o que vocês defendem. E nem se pode dizer que o comunismo de vocês acabou, mas isso também não é importante. Esse é o nosso comunismo e a gente faz o que quiser com ele.

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