Nenhuma novidade. A declaração de ódio do ex-presidiário contra o juiz que agora é senador passou em brancas nuvens na imprensa que fez o L. E não critico isso por achar que o fato merece as manchetes, mas por ter certeza de que as ganharia (por dias) se o autor da frase fosse o presidente anterior, legitimamente eleito.
Só não sei se isso agrada totalmente ao beneficiário do silêncio. Certo da impunidade que lhe é garantida por subordinados bem situados e eleitores idiotizados, creio que ele não se importaria se a declaração se tornasse mais conhecida, pois sua verdadeira malandragem está no foco de seu ódio.
O descondenado por decisão política só foi preso após ter sido condenado de maneira unânime, por nove magistrados nas três instâncias técnicas. Ao concentrar suas críticas no primeiro deles, ele repete o velho truque petista de personalizar o inimigo para atribuir-lhe motivações escusas de natureza pessoal.
Em tempo: brancas nuvens pode porque associa o branco a uma ausência. O que não poderia é associar um clima tempestuoso a nuvens escuras. Este texto seria aprovado pelo futuro departamento de controle do racismo ambiental.
Joia preciosa
Ao procurar o caso acima nos jornais acabei encontrando outra coisa que me chamou a atenção. Dois artigos, escritos por mulheres, alertando sobre o perigo representado pela "versão menos estridente de Bolsonaro", sua esposa, desde ontem presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro.
Como aquele raciocínio típico de quem exagerou nas doses, Mariliz Pereira Jorge acredita que o presidente do PL está preparando Michelle para dar uma rasteira no marido e apresentá-la como candidata em 26. Segundo ela, o pobre Jair não participa desse plano e não desconfia de nada. Eu conto ou vocês contam?
Já Madeleine Lakso constata que Michelle mira nas mulheres que não apreciam a lacração. E destaca que ela se preocupou em ligar esta maioria a pedras preciosas como faz a Bíblia em trechos como o início do acróstico final de Provérbios: "Mulher virtuosa, quem a achará? Seu valor muito excede ao dos rubis."
Segundo Madeleine, trata-se de um truque para atrair críticas de jornalistas que, ignorando inteiramente esse contexto, voltarão a atacá-la pela questão das joias árabes e serão por sua vez apresentados como pessoas que zombam do texto bíblico pelas igrejas evangélicas do Brasil afora.
Bem contra o mal
Se você considerar Provérbios como um todo, a esposa ideal do final pode ser vista como a mesma noiva mais velha que o imaturo filho que representa o ser humano deve buscar no início e logo se personaliza como a Sabedoria, a face feminina de Deus que ama os que a amam e lhes será mais preciosa que a prata e o puro ouro.
Mas tudo bem, as analogias valem em vários níveis e adaptar as mensagens ao seu público também é sabedoria. O importante, como sempre, é afastar quem entregou nosso dinheiro a ditadores, a alma ao diabo e o mindinho à Previdência Social.
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