quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Uma olhadinha no futuro

Quem é, quem é? Quem é que continua falando e escrevendo o que pensa, dando nome aos bois, chamando publicamente ministro do STF daquilo que os demais brasileiros só chamam em particular, mas, mesmo assim, nunca foi ameaçado de prisão, teve bem apreendido ou rede social censurada?

Silas Malafaia, não conheço outro.

E todos sabemos por que não o incomodam. O pastor é uma grande liderança não só de sua igreja, mas dos evangélicos brasileiros em geral. Qualquer arbitrariedade contra ele repercutiria muito mal nesse segmento que passou a defender seus princípios na arena política de uns anos para cá. E que é cada vez maior.

Estima-se que os evangélicos ainda não chegavam a 30% da população no início de 2018, quando um dos primeiros posts do blog antigo falou de um futuro em que nossa época seria politicamente lembrada como aquela em que eles chegaram ao poder. Mantida a atual taxa de crescimento, eles serão quase 40% em 2026.

E a maioria desse pessoal vota unida, compartilhando o antipetismo de Malafaia e tantos outros. Em 2018, os evangélicos deram cerca de 70% de seus votos a Bolsonaro. Em 2022 seus líderes estimaram que esse percentual subiria para 80%, mas as empresas da área não fizeram as pesquisas de boca de urna que poderiam oferecer essa informação.

Aliás, eu acho que um dos motivos para essa mudança é que, conjugando uma pesquisa dessas com uma, feita mais à frente, que desse o percentual de evangélicos na população, os números poderiam não bater muito bem. Mas essa é outra história.

O tema aqui é que não haverá um novo governo de direita - eu prefiro dizer antipetista porque fica mais abrangente e de acordo com o que acontece entre nós - sem apoio das lideranças evangélicas. E a questão é quem será o candidato desse campo se Bolsonaro não puder ou não quiser concorrer.

Nesse sentido, me parece que o PL acertou no alvo ao dar um cargo político para a evangélica Michelle e trazê-la para o jogo. Claro que ainda é muito cedo para tentar prever qualquer coisa, mas ela pode vir a ser uma candidata muito forte, até mais que o marido em certos segmentos.

E eles?

E como ficam os tucanos, a grande imprensa e toda aquela gente que, ao estilo MBL, quis primeiro derrubar Bolsonaro para depois assumir o papel de direita antipetista? O que farão quando constatarem que quebrarão a cara de novo, que não adianta apostar num Leite, inventar um Huck ou coisa parecida?

Embarcarão novamente na arca petista para afastar a "ameaça fascista" de Bolsonaro? Ou tentarão aos poucos negociar um meio-termo, aceitando um candidato que poderia ser apoiado pelos evangélicos e até pelo próprio Bolsonaro, mas não faria parte da família que tanto detestam?

Nesse futuro alternativo, quem poderia exercer tal papel?

Quem é, quem é? Quem é que nunca pareceu ser mais que o famoso católico não praticante, mas, desde a campanha passada, passou a aparecer ao lado de pastores conhecidos e chegou a ser apresentado como "liderança religiosa" num evento evangélico que destacou a incompatibilidade entre os princípios cristãos e o comportamento do PT?

Resposta: Romeu Zema.


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