segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O furo do índio é mais embaixo

Militância de redação não nos falta, mas jornalismo no Brasil de hoje é coisa rara. E uma dessas raridades é a Gazeta do Povo, que no último dia 11 publicou um artigo cujo título é autoexplicativo: Esquerda tenta capitalizar politicamente tragédia yanomami, mas dados desmentem narrativa.

Ao contrário dos que selecionam dados e deturpam contextos para criar bombas e tentar jogá-las no colo dos inimigos do lulopetismo, Leonardo Desideri, autor do artigo, limitou-se a pesquisar os fatos e mostrar que o que está acontecendo hoje não é de modo algum um ponto fora da curva.

A situação pode ser comparada à do início do governo Bolsonaro, quando os militantes de redação inventaram que a floresta estava sendo incendiada de forma nunca antes vista... e bastava você dar uma olhada nos dados oficiais para saber que o auge das queimadas se deu no primeiro desgoverno do descondenado.

Não vamos copiar o artigo inteiro porque ele é longo para o nosso padrão. Mas quem quiser pode lê-lo diretamente clicando AQUI. Abaixo, vamos apenas elencar os cinco subtítulos em que a matéria se divide após a apresentação inicial:

1 - Mortalidade infantil yanomami por causas evitáveis mais que triplicou com Lula em comparação com FHC.

2 - Aumento da malária é real, mas expansão ocorre desde os anos 2000.

3 - Garimpo ilegal avançou em terra yanomami, mas problema começou em 2013.

4 - Governo Bolsonaro não foi omisso no combate ao garimpo ilegal em terra yanomami, diz ex-diretor do Ibama.

5 - Condenar indígenas a uma "tradição estática" também pode ser uma problema humanitário.

Os quatro primeiros tópicos lembram que, como quase tudo, aquilo que depende de iniciativas do governo piorou durante a gestão do ex-presidiário e sua ajudante. O quinto é muito bem colocado porque aborda o alicerce do problema e quase nunca é mencionado pela imprensa lacradora.

Espingarda é melhor que arco e flecha, celular melhor que sinal de fumaça. Até para levar uma vidinha parecida com a de antes, os índios preferem o que é oferecido pela civilização. E se os deixarmos começar por aí, aonde eles irão chegar?

Quase certamente, eles acabarão tendo um vida muito mais parecida com a nossa do que com a que tinham quando estavam totalmente isolados. Mas essa mudança é a norma da humanidade, já houve um tempo em que o mundo inteiro se parecia com uma aldeia yanomami.

As crianças yanomami continuarão sendo assassinadas para respeitar uma cultura que só é mantida artificialmente? Suas novas gerações não podem mudar? Os índios são sub-humanos que devem ser tratados como animais num zoológico, congelados num certo estágio de sua evolução para todo o sempre?

Dessas perguntas os lacradores preferem fugir.


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