O nome que seu editorial de hoje usou é outro, mas o conceito é o mesmo: a "verdadeira direita" confirmou que comanda o Ex-tadão. Ao anunciar que Bolsonaro declarou que voltará ao país para liderar o campo conservador, o jornalão pede que a "direita civilizada" se oponha tanto a ele quanto ao descondenado.
"Em certo sentido, até mais", diz o editorialista para já anunciar a quem ainda tivesse dúvidas sobre a sua traição que, numa futura briga entre os dois, o lado da sua "direita" será novamente o da... esquerda!
Motivos para isso? Não riam, por favor, o rapaz escreveu a sério, o principal é o "atentado contra a democracia" de 8 de janeiro. Aquela meia dúzia de baderneiros (alguns quase certamente infiltrados) e aquelas centenas de senhoras de cabelos brancos quase nos fizeram cair numa ditadura.
Mas tem mais. No melhor estilo Eloucona, o editorialista acrescenta que Bolsonaro insulta minorias, não tem compaixão pelos desvalidos, promove o culto à personalidade e dá benefícios para os seus. E ainda se opõe a reformas, defende o intervencionismo estatal e - pasmem - quer violentar a separação de poderes e interferir nos outros.
Ou seja, para levar o Ex-tadão a sério você precisa acreditar no que ele diz, não naquilo que você vê. Como já escreveu a Cantanhêde, não foi o STF que interferiu nos outros poderes, prendeu e exilou pessoas por questões de opinião, foi Bolsonaro quem queria fazer tudo isso quando a polícia do Minority Report chegou.
As outras alegações se desmancham sozinhas de tão frágeis que são. Que político não se promove? Qual deles não leva os seus para o governo? Quem pensou mais nos desvalidos do que aquele que auxiliou financeiramente quem perdeu tudo na pandemia e combateu, quase sozinho, a imbecilidade ineficiente do "fique em casa"? Quando Bolsonaro perseguiu alguma minoria ou tentou censurar alguém?
O lulopetismo sempre tentou censurar e está tentando de novo, agora voltando suas baterias contra as redes sociais. Coisa que o Ex-tadão, tentando manter a antiga reserva de mercado do jornalismo, vergonhosamente apoia. Como apoiou e apoiará, o editorialista avisou de cara, o próprio PT.
Mas há uma diferença entre ele e o restante da "direita" que virou linha auxiliar do lulopetismo. Os meninos do MBL acreditam, ou fingem acreditar, que será barbada derrubar Bolsonaro e assumir o antipetismo depois de tê-lo traído na prática. No editorial, ao contrário, percebe-se um certo desespero com as dificuldades da tarefa.
O lulopetismo tem, grosso modo, metade do eleitorado válido. Não terá menos que 40% numa próxima eleição. Do outro lado, quantos são bolsonaristas convictos? Ele vão voltar aos 12% que até o Lenin de galinheiro ridicularizou? Deixemos por 25%, que ainda está baixo, mas fica bem melhor.
Lembrando que os 35% que restam estão superdimensionados, quem conquistaria esse eleitorado para depois vencer o segundo turno com os votos dos bolsonaristas de carteirinha? Esse já foi o problema de 2022, não tem ninguém.
E em 2026 deve ser pior. Basta que 6 ou 7 dos 35 lembrem que o candidato "civilizado" fez o L na eleição passada para abandoná-lo e inviabilizá-lo. Ao contrário, se ele for muito simpático a Bolsonaro, outros tantos voltarão para aqueles 10 que nós com muito otimismo tiramos do PT. E ele teria o voto de todos os demais, ninguém além dos bolsonaristas raivosos preferiria o Capitão?
A conta não fecha, o cara do Ex-tadão já pressentiu isso. A próxima eleição será entre o ex-presidiário e Bolsonaro ou entre pessoas apoiadas firmemente por eles. Quem se finge de super-herói defensor da direita vai precisar tirar a máscara e revelar sua verdadeira identidade outra vez.
E é melhor o editorialista já ir procurando desculpas melhores que as atuais. Ficou feio esse negócio de dizer que as tias do zap podem tomar o poder na marra numa próxima excursão.
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