Estava nos cartazes de rua, a primeira grande escolha da última eleição era entre liberdade e censura. Quem defendesse a primeira votava num candidato, quem gostasse da segunda votava no outro (ou anulava o voto, em caso de apoio envergonhado). E os atuais diretores do Ex-tadão decidiram ficar do lado da censura.
Quantas vezes o jornalão não lembrou sua valentia contra quem o censurava? Mas agora sabemos que a liberdade que lá defendiam era só para a patota, o grupinho onde tudo pode ser acertado mediante certas condições. Quando se trata do cidadão expor o que pensa nas redes sociais, eles estão com quem quer censurá-las.
Ter sua hipocrisia e decadência jogadas na cara a todo instante deve doer. E, mesmo quando a surra é justa, quem apanha quer bater. Foi assim que o editorialista de ontem escreveu Liberdade só para a patota, no qual, mediante uma módica deturpação dos fatos, tentou atribuir aos "bolsonaristas" a canalhice que pratica.
Ele relacionou as leis que Bolsonaro quis criar para estabelecer a censura no país? Lembrou como o presidente usou a AGU como um "ministério da verdade"? Citou casos em que o governo federal apoiou a perseguição de alguém por delito de opinião? Não, não poderia, ele não encontraria um único exemplo disso.
Parece piada, mas a "prova" apresentada pelo sujeito é a cassação da vereadora petista em São Miguel do Oeste. É ridículo, mas o editorial tenta passar a ideia de que um ato de dez vereadores de uma cidade de 40 mil habitantes é que representa o bolsonarismo, não o que o presidente fez em quatro anos.
E a palhaçada não para aí, pois ele acrescenta que a petista foi cassada por apenas expor sua opinião sobre um "gesto que lhe pareceu infame". O que é uma deslavada mentira.
Fake news
Falando sobre o "gesto infame", o editorial diz que ele era tão parecido com a saudação nazista que as embaixadas de Israel e da Alemanha o repudiaram. E, tentando fugir rapidamente do assunto, só acrescenta que "no frigir dos ovos, é irrelevante a interpretação que se faça daquela saudação".
Irrelevante uma ova, Ex-tadão. Fazer saudação nazista é crime, estender o braço não é. Se as citadas embaixadas confundiram uma coisa com outra foi porque viram a segunda vendida como se fosse a primeira. E não "nas redes sociais", como diz o editorial malandro, mas nos jornais pelos quais os estrangeiros ainda se informam sobre nós.
Por ação ou omissão, por dizer que aquilo era gesto nazista ou por não afirmar direta e peremptoriamente que não era, os jornais que escolheram o lado da censura nas últimas eleições contribuíram para espalhar aquela fake news mundo afora. Entre eles, como mostra o próprio editorial, o Ex-tadão.
A cassação
Tanto quanto qualquer um de nós, a vereadora sabia que ali não havia nada de nazismo. E mesmo assim "propagou notícia falsa". E foi além, ao "atribuir aos cidadãos de Santa Catarina e ao município de São Miguel do Oeste o crime de fazer saudação nazista e de ser berço de uma célula neonazista".
As palavras entre aspas fazem parte do documento que justificou a cassação da petista. Ela, como vereadora, tem obrigações com sua comunidade, não pode repetir mentiras e jogar lama sobre toda ela impunemente. Alguma punição devia receber. Os vereadores optaram pela cassação.
E uma última questão: seriam todos eles "bolsonaristas", pertenceriam ao partido do presidente? Não sei, não fui ver. Mas como o Ex-tadão omitiu esse dado em seu editorial falacioso, presumo que não, que eles pertencem a diversos partidos. Mantendo esse padrão, nem pra embrulho serve mais esse jornal.
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