Talvez fosse o caso de começar lembrando quantas vezes, nesses últimos anos, ouvimos analistas dizerem que Bolsonaro estava politicamente morto. Quantas vezes ouvimos que ele estava isolado, desmoralizado, com não mais do que 12% de eleitores em seu núcleo duro.
No entanto, ele terminou o primeiro turno fazendo dois governadores fundamentais da federação, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com seu candidato chegando em primeiro lugar em São Paulo e com uma bancada parlamentar forte, ampliada e coesa. Caso, de fato, ele eleja os governadores dos três estados mais ricos da federação, sua capacidade de bloquear toda e qualquer ação do governo federal será enorme. Bolsonaro vê seu projeto de sociedade plebiscitado pelas urnas por quase metade da população brasileira.
Escritas, como se pode perceber, entre o primeiro e o segundo turno da eleição passada, as palavras são do nosso Lenin de repartição, Vladimir Safatle, e expressam o espanto dos que acreditavam nas falsas pesquisas frente ao que se via no mundo real.
Se via e continua se vendo. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, a maioria da população preferia ter mantido o presidente anterior. E quanto mais você sobe na escala de educação formal e influência social, mais forte e consciente é essa preferência e a ojeriza ao desgoverno do descondenado e aos que o apoiam.
Isso é até reforçado quando a turma do fazueli na imprensa e em outros setores trata a vitória da possível fraude e dos eleitores mais ignorantes como se fosse da civilização sobre a barbárie. Alguém acostumado a pensar por si mesmo e tomar suas decisões vai mudar de ideia porque um bobalhão da Folha o chama de "golpista"?
No entanto, a história dos 12% voltou. Não de modo claro, talvez seja até inconsciente. Mas quem fala em novos nomes da direita ou coisa parecida está pensando em conquistar qual eleitor? Será o daquela metade que preferiu o ex-presidiário?
Claro que não, ele está supondo que existe uma multidão que votou em Bolsonaro e agora está perdida, procurando um líder a quem seguir. Teria restado ao ex-presidente nada mais que um pequeno grupo de fanáticos que deve ser demonizado.
É a mesma crença da terceira via, dos meninos do mbl e de toda aquela turma que o Mainardi imaginava que inundaria a Paulista no 12 de setembro. Mesmo com a paulada que a realidade lhes deu, eles voltaram a se refugiar na ideia de que conquistarão o eleitor de Bolsonaro falando mal de Bolsonaro.
Como os esquerdistas a quem o Leninzinho se dirigia, voltaram a acreditar nos 12%.
Em tempo
É claro que aqui não estamos falando apenas de Jair Bolsonaro, mas de quem quer que esteja do seu lado, das forças que se juntaram em torno de seu nome naquilo que Safatle chama de "revolução conservadora" ou "revolução de sinais invertidos" (título do seu artigo).
Aliás, embora termine de forma meio ufanista, ele faz, sob o impacto da descoberta de que os 12% eram mentira, uma análise até interessante da situação. Quem quiser ler o artigo inteiro só precisa clicar AQUI.
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