A culpa foi do Laerte. Um belo dia, já na meia-idade, aquele sujeito feio decidiu que dali em diante seria a Laerte, uma "mulher" muito feia que só usa vestidões e está sempre bem maquiada. E a Laerte acabou confessando ter uma queda por um jornalista que se dizia conservador e era de meia-idade e feio também.
Parecia não ter nada a ver, ninguém imaginava que o jornalista fosse outro a ter outro dentro de si. Mas boi preto conhece boi preto, já dizia Clodovil. Aquela declaração de amor acionou algum processo mental que foi dominando o interior da criatura e terminou por se mostrar no exterior. Nascia assim Tia Reinalda, a trans política.
Sim, Titia não mudou de gênero, continuou aquele homem com trejeitos aveadados de antes. Sua transição consistiu em se tornar um defensor da esquerda radical, da roubalheira, da censura e do principal expoente nacional de tudo isso, que antes chamava de Apedeuta e criticava sem parar, mas que atualmente só sabe elogiar.
Mas o que fazer com o "apedeuta"? E com o "petralha" que era seu orgulho e virou título de livro bem vendido? E com todos aqueles termos que Tia Reinalda criou em sua outra vida e agora precisava dar um jeito de não fazer volume dentro da calcinha vermelha que passou - metaforicamente, creio - a usar.
Titia os escondeu como pôde. Nos jornais, contando com o silêncio cúmplice dos comparsas de esquerda. No twitter, bloqueando na hora quem os recordar. Mas com um deles - "uzmercadu" - a solução encontrada foi inovadora. Eu a conheci hoje, dando uma olhada no que a figura anda escrevendo.
O antigo conservador usava "uzmercadu" para zombar da maneira tosca e ideológica com que o Apedeuta e seus asseclas tratavam as preocupações do mercado. Pois Tia Reinalda usa "uzmercadu" para zombar das preocupações do mercado com as besteiras da turma que voltou ao poder.
O processo foi concluído com sucesso, é a transição absoluta, a inversão total. Só falta agora Tia Reinalda casar com a Laerte e ser feliz para sempre. Com o amoroso Apedeuta de padrinho e jogando no final o buquê para um querido petralha pegar.
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