Quatro anos atrás, em 2019, o quarto domingo do ano caiu no dia 26, data em que o presidente recentemente eleito compareceu a um evento evangélico que reuniu milhares de pessoas e as ruas das grandes cidades foram tomadas por cidadãos que apoiavam o seu governo e criticavam as forças que lutavam para boicotá-lo.
Ontem foi o quarto domingo do ano. E é evidente que a história não precisa se repetir com precisão, mas, como o atual presidente é mais popular que o antigo - é o que dizem as urnas, não é mesmo? - poderíamos perguntar de qual evento aberto ao público ele já participou ou quantos já saíram às ruas para apoiar seu governo de mudanças.
Poderíamos. E as respostas seriam: nenhum e ninguém.
Como durante toda a campanha, o "popular" continua a fugir do povo de verdade. O máximo que ele conseguiu nesse sentido foi aparecer em territórios controlados por fações criminosas, onde qualquer manifestação contrária às ordens da chefia local pode ser punida como sabemos.
Não digo que ele devesse aparecer numa feira de pecuária, mas poderia passear por uma daquelas cidades pequenas que, apesar de viverem do agronegócio, lhe deram vitórias tão esmagadoras quanto inesperadas. Poderia ir a um evento católico ao invés de um evangélico. A um jogo do Corinthians ao invés de um do Palmeiras.
Mas nada, continua recluso, escondido, entrando e saindo pelos cantos. Mesmo depois das urnas terem mostrado que ele é mais popular que aquele que se expunha abertamente em qualquer canto do país, o sujeito não toma coragem de se mostrar a públicos que não consegue controlar.
Será que ele, no fundo, é outro negacionista que não confia nas urnas sem voto impresso? Se for assim é melhor ele tomar cuidado, pois ninguém está acima da lei e esta pode ser usada contra quem não reconhecer que o Brasil conseguiu fazer um sistema de informática que não pode ser fraudado por seus programadores.
Nós, que não temos dúvida alguma sobre isso, sabemos que ele tem dezenas de milhões de eleitores. O problema é que estes também não aparecem como apareciam os do outro há quatro anos. Onde estão aquelas ruas tomadas por entusiasmados populares de camisetas vermelhas?
Eles são muitos nas redes sociais, onde contam com a vantagem de nunca serem excluídos. Mas esse é um mundo em que um único MAV pode fingir ser dezenas de pessoas. Até os meninos do MBL, que não reúnem 200 pessoas na praia da foto, parecem ser uma multidão na internet.
Já na campanha eleitoral, eles precisavam ser levados em troca de lanche e mal conseguiam lotar os espaços cercados por tapumes em que seu candidato se apresentava. E agora a gente continua tendo dificuldade para encontrá-los fora de nichos como o jornalismo, os cursos de sociologia e similares.
Mas pode ser que eu esteja me precipitando e eles e seu preferido só não queiram se mostrar tão cedo. Este janeiro ainda tem mais um domingo. E eles podem decidir sair por aí em fevereiro ou março. Vamos aguardar mais um pouco, uma hora aparecerão e calarão os que duvidam que eles são maioria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário