Não sei se foi por algum fato específico como as reações aos ônibus (de bolsonaristas, quem mais?) chegando a Brasília para protestar contra o atual governo ou à recepção a Bolsonaro na Flórida, mas eu acordei me lembrando de uma historinha que, como a de domingo passado, me parece que já contei em outra ocasião.
Bem, acho que enquanto o cara se lembra que já contou está tudo bem, o risco é isso ser um começo e você acabar se transformando num daqueles velhinhos que passam os dias repetindo as mesmas coisas para as mesmas pessoas, hehe. Mas vamos ao ponto, que é um trechinho de algo escrito por Oscar Wilde.
Os dândis estão conversando e um deles diz que está de namoricos com uma "popular", uma moça simples, do povo. E aí surge um diálogo que é mais ou menos assim:
- Sabes que estragaste a vida dessa jovem, não sabes?
- Mas nós não fizemos nada, tudo não passou e não passará de um flerte inocente.
- Não importa. Antes ela teria se casado com o ajudante de açougue e viveria alegre, cuidando dos filhos nos cômodos apertados cujo aluguel o marido pudesse pagar. Mas agora, sempre que ele chegar sujo e cheio de cerveja barata, ela pensará que poderia ter desposado um cavalheiro e viver como uma dama. E nunca mais poderá ser feliz.
Pois é, amigos. Eu já achei muito legal ter o Temer como namorado, digo, presidente. Me contentaria em eleger o Doria. Votei - vejam só! - no Alckmin em 2006 e o defendi no início de 2018. Achei que o FHC era o máximo. O Aécio me serviria. Mas agora...
Como você vai votar num sujeito desses depois de conhecer um cavalheiro como Bolsonaro? Depois de saber que é possível ter um governo que não apenas não roube e não loteie os ministérios, mas ainda se saia bem numa situação de terror internacional e chute todo tipo de palhaçada politicamente correta do pescoço para baixo?
Para as moças que só aceitam a perfeição é claro que ele não serve, mas essas morrerão solteiras. No mundo real Bolsonaro nos mostrou que era possível sair do pardieiro em que até então habitávamos (cujos donos se moveram ferozmente para não perder as fortunas que recebem de aluguel). Como voltar para lá satisfeito?
É claro que entre um dos citados e o horror lulopetista eu jamais seria canalha de votar neste ou de ajudá-lo anulando meu voto. Não sou um radical. Mas imagine quem é, que faz parte daquele grupo que dizem abranger algo como 20% do eleitorado.
Imagine os evangélicos, cujo número só cresce e cujos líderes têm um evidente objetivo político. É evidente que os outros tentarão agradá-los, mas, como disse um deles, você percebe a diferença entre quem se esforça para te tolerar por interesse e quem realmente te recebe de portas abertas.
Eles já conheceram o cavalheiro e farão o possível para namorá-lo de novo. Eles e os policiais, os taxistas, os sertanejos, os agricultores e toda aquela metade do Brasil que em termos produtivos vale uma dez vezes mais que a outra.
Os antagonistas, mbls e todos os demais malandros que apoiaram o lulopetismo achando que voltariam a representar essa gente contra ele não terão vida fácil. Ao contrário, creio que, agora que tiraram a máscara, quebrarão a cara ainda mais estrondosamente do que em 2022.
É evidente que isso não significa que o pessoal só votará na pessoa física de Jair Bolsonaro. Este pode nem estar vivo daqui a pouco. Falando em Flórida podemos dar o exemplo dos EUA, onde Donald Trump, que foi quem se aproximou de exercer o mesmo papel, pode ser substituído na próxima eleição pelo Ron de Santis.
Pode ser um outro. Mas desde que seja um cavalheiro.
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