quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Pegou o chapéu e se foi

Temos que tirar o chapéu para os peruanos que, embora com algum atraso, mandaram o presidente "marxista-mariateguista" pegar o seu e deixar o palácio. Na verdade colocaram o malandro onde um de seus equivalentes em países vizinhos estaria se não houvesse aparelhado os tribunais superiores, na cadeia.

Para parte da nossa imprensa, porém, ele só foi de esquerda no momento de festejar sua eleição por margem mínima. Quando o barco começou a fazer água esse pessoal foi tentando se afastar do ex-sindicalista e agora querem transformá-lo num direitista - "um reacionário", o definiram na Globo.

Usam para tal o argumento de que ele saiu do antigo partido e dizem, como se uma coisa fosse sinônimo da outra, que o chapeludo se mostrou "conservador" nos costumes, inimigo do aborto e da "causa lgbt". Como se o ditador da Nicarágua bolivariana não o fosse e os gays não tivessem sido até fuzilados em Cuba.

É verdade que ele não era pessoalmente tão ligado à turma do Foro de São Paulo. Mas essa tentativa de se afastar dos amiguinhos que por algum motivo caem em desgraça - espécie de versão escrita das fotos retocadas do Papai Stálin - não é nenhuma novidade para a nossa esquerda.

O melhor exemplo disso é a Venezuela. Quando o petróleo estava nas alturas e o modelo parecia funcionar, Chavez era idolatrado. Emir Sader dizia que os socialistas europeus haviam perdido o embalo, mas, com seu Socialismo do Século 21, os latino-americanos tinham criado um novo farol para iluminar a humanidade.

E não era só o Emimir. Qualquer professor de sociologia louvava o ditador em seu cantinho na internet, era até divertido procurá-los quando um deles tentava apagar o passado. Mas depois eles apagaram mesmo, deletaram os artigos. E passaram a dizer que o equivalente local ao chavismo era... o "bolsonarismo"!

Agora é provável que ajustem o discurso novamente. Eles são previsíveis. Se não fossem tão canalhas seriam até divertidos.

O mundo reage

Mais fiel aos companheiros, o petismo reclamou de golpe no Peru. Foi ou não foi? Teremos ou não sanções internacionais ao país? A discussão sobre isso está fortíssima... no Peru. No resto do mundo alguém dá uma declaração aqui ou ali, mas logo deixa para lá. E foi assim quando teve o "golpe" na Bolívia e tantos outros planeta afora.

Que dizer então do golpe-golpe, a rigor, dos militares mandando seus jipes para o palácio do governo enquanto a distraída professora de aeróbica fazia sua dancinha? Inaceitável uma coisa desses num país como Mianmar, que, com 54 milhões de habitantes, está entre os trinta mais populosos.

A comunidade internacional não deixou isso barato, certo? Errado, quase dois anos depois os militares ainda estão lá e ninguém fala do assunto fora do país. Quem precisa de seus produtos os compra, quem pode lhes vende o que tem. Mianmar que siga sua vida, cada um cuida da sua.

Imagine então se fossem só seis meses, o tempo de preparar uma nova eleição, totalmente auditável, e apresentar um governo limpinho e democraticamente eleito ao resto do mundo.


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