quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Países divididos

Mesmo que vençam o segundo turno na Georgia, os republicanos só chegarão a 50 senadores. E como obtiveram 48 e contam com dois independentes - um tal Angus King e o conhecido Bernie Sanders -, os democratas podem se impor em qualquer disputa que exija maioria simples com o voto de Minerva da vice-presidente.

Na Casa (Câmara) deu-se o oposto. Ainda há seis cadeiras em jogo, mas os republicanos já conquistaram os 218 representantes que lhe garantem a maioria e lhe permitirão infernizar a vida do Biden.

Tentando minimizar o problema, nossa grande imprensa, anti-republicana e mais ainda anti-Trump, tem festejado a "vitória" no Senado e salientado que a derrota na Casa foi por pouco. Além disso, alguns "radicais trumpistas" não se elegeram, talvez o laranjão não consiga nem vencer as primárias do partido em 2024, se arriscam a escrever.

Eu creio que a virada na Casa é mais importante porque toda ela foi renovada, não apenas o um terço do Senado. Acredito ainda que, por contar com uma militância mais aguerrida e vários outros fatores, Trump deve ser o candidato republicano. E é fácil prever que a eleição presidencial será tão apertada quanto as de agora.

O país está dividido em campos radicalmente opostos em muitos temas (aborto, liberdade na internet etc). Cada vez mais gente de um lado (entre os democratas também) pensa que a vitória do outro é produto de fraude. A divisão é até geográfica, com os republicanos prevalecendo no interior e os democratas nos populosos litorais.

E não há possibilidade de conciliação ou meio-termo à vista.

Por aqui ocorre o mesmo, mas com agravantes. Bolsonaro pode ser comparado a Trump, mas não há um partido como o Republicano. Nossa esquerda é economicamente irresponsável, defensora de ditaduras e da censura. Existem grupos que podem estar de um lado ou de outro. O topo do Judiciário partidarizou-se.

Também temos a divisão geográfica, pois sem o Nordeste o ex-presidiário não teria nenhuma chance a nível nacional. Mas o principal é que tanto ele como seu partido só sobrevivem porque dominam nichos onde se encontra o que o país tem de pior.

Mesmo estimando seu total, já vimos que sem os votos dos criminosos o seu antigo colega perderia a eleição. Perderia também se os analfabetos (em geral mais desinformados e manipuláveis) não pudessem votar, como era até 1985. Não só esta eleição, perderia todas, seria tão irrelevante como era antes da regra ser alterada.

É óbvio que nem todo eleitor petista é criminoso ou analfabeto. Mas, sem contar a fraude, eles chegam ao poder graças a esse votos e querem praticamente impor uma ditadura à grande maioria dos que não são nem uma coisa nem outra. A situação é potencialmente explosiva, pior que a americana. Bem pior.

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