O detalhe é da Nave dos Loucos, de Hieronymus Bosch (1450-1516), mas a história foi contada por minha vó. Todos que bebiam da água enfeitiçada do poço ficavam loucos. O rei não a bebeu, mas seus súditos, enlouquecidos, passaram a dizer que o louco era ele. Então ele também a bebeu e os súditos festejaram a volta do rei à razão.
Eu sei, eu sei, alguns não são loucos, mas malandros como o lulopetista Paulo Coelho, que apresenta a mesma história como se fosse dele. Mas a união entre malandros e loucos está transformando o reino num lugar insuportável, às vezes até perigoso, para quem não bebe do mesmo poço.
Não tivemos quem defendesse o voto no partido que cansou de tentar limitar o direito à livre expressão como forma de evitar a censura bolsonarista que nunca deu o menor sinal de vida durante quatro anos? Que se escolhesse o filhote da ditadura cubana para evitar a de quem respeitou as instituições até demais?
Tivemos inclusive a versão infanto-juvenil dessa imbecilidade, segundo a qual o melhor meio de derrubar o partido-quadrilha seria levá-lo de volta ao poder e desaproveitar a próxima troca de integrantes do supremo hospício, mantendo o 9x2 que lhe permite, unido aos tucanos, fazer o que bem entender sem preocupações legais.
Com o relatório do Exército sobre as urnas eletrônicas não poderia ser diferente. Ele diz que, como sempre souberam os que não são nem malandros nem loucos, não se pode assegurar que sua programação não contém maracutaias ou que aquilo que ele apresenta em testes é o que realmente está instalado em todas as urnas.
Isso sempre foi óbvio. Só o que se pode garantir é que a soma dos BUs (boletins impressos ao final da votação, resumindo o que teria acontecido em cada urna) coincide com a soma dos computadores do TSE. O que também é óbvio, pois nem um louco seria idiota a ponto de querer fraudar a única parte auditável do processo.
A possibilidade de fraude sempre esteve na fase anterior, pois, uma vez que eles não são impressos, você não pode contar os votos na mão como conta os BUs. Não se pode assegurar que houve fraude porque é impossível auditar essa etapa inicial, mas se afirma que pode ter existido. E isso deveria bastar para invalidar todo o processo.
No entanto, o que fazem os malandros? Fingem que o relatório não é muito importante e utilizam a contagem de BUs (não a de votos) para lançar manchetes secundárias e ardilosas como esta do Estadão: Relatório de militares não aponta fraude em urnas e chega à mesma contagem do TSE.
É uma vergonha, um acinte à inteligência do leitor. Mas está muito longe de ser o primeiro e o truque está dando certo, os loucos aceitam a argumentação como perfeitamente razoável, não percebem a pegadinha primária. Quem a desnuda é que pode ser tratado como doido perigoso e impedido de se manifestar.
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Falando em loucura, loucura, um dos nomes inicialmente cogitados para enfrentar Bolsonaro era o de Luciano Huck. Mas ele, Doria e outros não dariam nem para a saída. Percebendo isso, os malandros rasgaram a lei para trazer de volta o único candidato com popularidade suficiente para ser vendido como vencedor contra o presidente.
Conclusão dos idiotas: o responsável pelo retorno do larápio é o capitão. Mas não é culpa deles, é a água do poço.
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