Conforme vão sendo divulgados os planos dos escolhidos por aquele sistema inauditável dirigido por pessoas inconfiáveis, começam a pipocar as críticas de quem até ontem os apoiava caninamente na velha imprensa. E alguns acreditam que isso é um sinal de que os seus autores caíram na real ou coisa equivalente.
Eu acho que não, creio que é só uma máscara, uma tentativa de se mostrar isento para recuperar a moral perdida com a vergonhosa atuação dos últimos anos. E de reconstruir aquela tesoura que ora cortava para um lado, ora para outro, mas jamais cortaria as verbas bilionárias que a falta de público torna ainda mais necessárias.
Para tal, é necessário voltar a ocupar o espaço da oposição (aquela tipo Alckmin, que fala em cena do crime, mas age de outro modo) e voltar a criticar as arbitrariedades de poderes como o Judiciário (exceto quando se tratar das redes sociais repletas de marginais que não podem ser tratados como a "imprensa profissional").
Nesse sentido, o Ex-tadão de hoje traz duas opiniões oficiais da casa que são bastante significativas.
Na primeira, intitulada Ministros do STF devem ser exemplares, o editorialista utiliza o evento em que os nossos supremos farão autopromoção mentirosa em Nova York para dizer que ministro do STF não é personalidade a ser ouvida em evento empresarial e eles devem maneirar para pacificar o País e preservar a autoridade do Judiciário.
Recordando algumas barbaridades cometidas nos últimos tempos, o texto termina com uma frase exemplar: As águas republicanas precisam voltar ao leito. Não é lindo? Até ontem podiam correr para onde quisessem desde que fosse para prejudicar a quem sabemos. Mas agora precisamos ser sérios de novo.
O segundo título é ótimo: Não é desta oposição que o país precisa. Abaixo dele, o Ex-tadão explica que, como maior legenda da oposição, o PL não pode continuar apoiando Bolsonaro porque isso seria fazer uma oposição golpista (!) apenas por motivos eleitoreiros. Ele teria que apresentar bons projetos e promover elevadas discussões.
Mas se o PL só cresceu porque se encheu de bolsonaristas, Ex-tadão? Eles devem trair seus eleitores e morrer na próxima eleição? O jornal não quer nem saber. E também passa longe de reconhecer sua responsabilidade pelo retorno, que defendeu o quanto podia, da gang lulopetista ao governo.
Se não é dele, de quem é a culpa? Culpa de quem? Veja o final do artigo e diga se a resposta não lembra o daquele pessoal que reúne 200 ou 300 pessoas de branco na Paulista. A gente nem precisa dizer nada, é só deixá-los falar que as máscaras que estão tentando recolocar logo caem:
“O Bolsonaro é o nosso capitão, nós vamos segui-lo no que for preciso”, disse Valdemar Costa Neto, confirmando que a legenda continuará alheia, nos próximos anos, ao debate civilizado, à negociação política e à discussão de propostas. Afinal, o bolsonarismo atua noutra lógica: a do conflito, da agressão e da antipolítica. Com essas palavras de submissão, o presidente do PL revelou mais um efeito deletério do bolsonarismo na vida política nacional. Jair Bolsonaro não apenas conseguiu que Lula, malgrado todos os males que causou ao País, voltasse à Presidência da República, como está destruindo desde já a capacidade da maior legenda no Congresso de ser oposição aos petistas. Esta é a realidade: Bolsonaro estraga tanto o governo como a oposição.
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