São dois tuítes de um dos caras que fundou e depois afundou o O Antagonista. O primeiro diz: Se uma pessoa congelada em 1968 acordasse no Brasil de hoje, depararia com as Forças Armadas defendendo a liberdade de expressão e jornalistas defendendo a censura. Eu acho que estava congelado.
No segundo, Mário Sabino constata: Alexandre de Moares quer criar um "comitê de combate à desinformação". Já conversou com Lula a respeito disso. Na ditadura, o nome era Censura Federal.
Boa desculpa, Mário, como você estava congelado não percebeu que, muito mais que na política de preços da Petrobras ou coisa do tipo, a diferença entre os dois candidatos que chegaram ao segundo turno estava no posicionamento de cada um frente à questão da liberdade de expressão.
Se o ex-detento realmente assumir a presidência, como tudo indica que acontecerá, nós no mínimo passaremos mais alguns anos lutando contra suas tentativas de implantar a censura no país, como seu partido sempre desejou. Faz o L, Mário. E convida todos que anularam o voto porque os dois eram iguais a fazer junto com você.
O pior é que as chances dos inimigos da liberdade são maiores que nunca, pois agora eles contam com os aliados que o ex-anta bem identificou. O minúsculo supremo já anda censurando há tempos ao arrepio da lei. E a nossa imprensa, acostumada a omitir o que não lhe interessa, está louca para obrigar os outros a não contar também.
Mário se surpreende com os coleguinhas porque, como confessa em seu tuíte, andava meio desligado. Mas, talvez por nunca ter feito parte do clube, o novo dono do Twitter, Elon Musk, os vê objetivamente e entende muito bem o que está acontecendo. Ainda ontem ele declarou:
À medida que o Twitter persegue o objetivo de impulsionar o jornalismo feito pelo cidadão, a elite da mídia fará de tudo para impedir que isso aconteça. A grande mídia ainda vai prosperar, mas o aumento da concorrência dos cidadãos fará com que eles sejam mais precisos, pois seu oligopólio de informações é interrompido.
A razão pela qual eu adquiri o Twitter é porque eu acho importante para o futuro da civilização ter uma praça digital comum, em que uma ampla gama de crenças pode ser debatida de forma saudável, sem recorrer à violência. Não fiz porque seria fácil, não fiz para ganhar mais dinheiro. Fiz para tentar ajudar a humanidade, reconhecendo que o fracasso em perseguir esse objetivo, apesar de nossos melhores esforços, é uma possibilidade muito real. Tem mais essa, pode não dar certo. Particularmente no Brasil, onde grande parte da imprensa já decidiu, em nível pessoal e empresarial, que seu sustento não depende de oferecer um bom serviço ao público, mas dá existência de um governo que lhe abra os cofres e aparelhe tribunais que confiram aparência legal aos seus desmandos.
Esse governo está aí, não se iluda com as críticas que os integrantes da velha mídia já começam a lhe fazer pois essa é só a parte do teatro em que eles fingem independência. O que lhes interessa é manter o monopólio da informação e ganhar o máximo possível no decorrer do processo.
Como será exatamente o futuro não se pode prever. Mas é certo que sofreremos o retrocesso causado pela turma que, direta ou indiretamente, decidiu fazer o L.
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