Tirando seus eventuais exageros e o fato de que eles acham ruim o que me parece bom, eu concordo com os esquerdistas que dizem que o Alto Comando tem um plano para dar aos militares brasileiros, a médio prazo, um protagonismo igual ou maior que o do Pentágono entre os americanos.
Concordo também que esse projeto se casou em algum ponto com o político Bolsonaro, cujo sucesso como presidente se deve à presença maciça de militares no controle da máquina, como comentamos em outras ocasiões.
Mas o Pentágono funciona com democratas e republicanos, e a dúvida dessa turma é se os militares já se sentiriam seguros o bastante para aceitar até mesmo um eventual governo do larápio.
Foi sob esse cenário que eles analisaram dois recentes artigos do Defesanet, onde consideram que os fardados deixam às vezes recados através de terceiros. Agora eles torcem para que ambos sejam apenas dissimulações destinadas a aquietar parcelas mais radicais. E eu, que acho bom o que lhes parece ruim, espero que não.
Um desses artigos, transcrito a seguir, foi escrito pelo Gen Ex R1 Maynard Marques de Santa Rosa.
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A Espada de Dâmocles
Neste segundo turno de 2022, a alegoria volta à cena para retratar o momento da confirmação do voto, quando o eleitor terá o comando do fio que sustenta a espada. A opção suicida é o gatilho da insensatez que pode desabar sobre toda a sociedade. Foram notórios os desmandos de quatro gestões petistas sucessivas. Somente de propinas da Petrobrás, o prejuízo foi de R$ 6,2 bilhões, pelo balanço anual de 2014. A cifra total dos negócios ilícitos é imensurável, mas os R$ 25 bilhões que foram reconhecidos pelos réus e devolvidos em acordos de leniência podem servir de base para uma estimativa. Assim como no caso do Petrolão, não é possível apagar escândalos da magnitude do Mensalão e dos fundos de pensão. A candidatura do postulante petista é claramente ilegítima, o que compromete a sua eventual governabilidade. Condenado por unanimidade em três instâncias judiciais, ela é moralmente inválida nos termos da lei da ficha limpa. O sofisma que justificou a anulação dos processos, fazendo prevalecer o trâmite sobre o mérito comprovado, é subterfúgio que afronta o bom-senso de qualquer inteligência mediana, porque sobrepõe o interesse partidário ao interesse público, em flagrante violação da ética forense. Apesar do apoio da elite engajada, nenhum cidadão de boa-fé consegue assimilar o fato sem violentar a própria consciência. No Brasil, boa parte das elites sofre de esquerdismo atávico. Levas de intelectuais, jornalistas, artistas e até banqueiros empunham bandeiras socialistas. O sociólogo Gilberto Freyre viu a explicação no sentimento de culpa pelos 350 anos de escravidão. O trauma escravagista teria impregnado o inconsciente coletivo, gerando leniência nas elites, "coitadismo" nos segmentos mais carentes e baixa autoestima no conjunto da sociedade. Outra versão vai da hipocrisia consciente à alienação inconsciente, como nos saraus da nobreza parisiense do século XVIII, onde se brindava à revolução, ignorando a ameaça da guilhotina iminente. Portanto, a eleição de 30 de outubro não oferece escolha. Optar pela impunidade, é como entregar um cheque em branco a quem não merece crédito. O resultado político da opção errada pode variar da indiferença à revolta, mas o cenário final é certo: desmando institucionalizado, crise econômica e conflito social. Quando a falta de isenção coloca sob suspeita a própria justiça eleitoral, resta manter a esperança na "voz do povo", que, como diz a sabedoria popular, representa "a voz de Deus", para que se livre o Brasil de um risco fatal previsível.
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