"O ex-presidente é particularmente sensível sobre sua condenação por corrupção em 2017. Ela foi derrubada por um detalhe técnico em 2021 e ele foi libertado. Mas quando os brasileiros são lembrados do que o mandou para a prisão, eles relembram os enormes escândalos de corrupção surgidos nos 14 anos em que seu PT ocupou a presidência."
Para resolver seu problema, o ladravaz "recorreu ao juiz de Moraes para pedir ajuda". E "a Constituição do Brasil proíbe a censura, e a repressão descarada do tribunal à liberdade de expressão alarmou a nação. Mas o juiz de Moraes, que também é presidente do STF, não dá sinais de recuar".
Legalmente, o TSE "não tem autoridade para aprovar ou desaprovar a opinião pública". Porém as represálias a veículos e pessoas que publicaram críticas ao ex-presidiário são reais e "isso nos faz pensar como será o Brasil se ele vencer".
Esse é um pequeno resumo do artigo Esquerda brasileira tenta amordaçar discurso político, publicado no Wall Street Journal por Mary Anastasia O'Grady, jornalista respeitada por seu conhecimento direto de países da América Latina. E ele deve parecer chocante para quem só ouvia falar de nós através de esquerdistas que copiavam matérias de colegas brasileiros de ideologia, mas ainda é bastante leve.
Para desenhar todo o cenário seria necessário acrescentar as centenas de milhares de inserções de rádio cuja criminosa supressão foi denunciada ontem, os carros do TSE com propaganda do molusco, a repressão aos cidadãos que manifestam espontaneamente apoio ao atual presidente e muito mais.
Seria preciso explicar também que o "detalhe técnico" utilizado para descondenar o meliante estava repleto de absurdos, contar como o lulopetismo aparelhou os tribunais superiores e recordar suas tentativas anteriores de censurar o Brasil, bem como seu incondicional apoio aos colegas bolivarianos do Foro de São Paulo.
Um pouco mais difícil de entender são os motivos pelos quais muitos brasileiros aceitariam trocar a plena liberdade defendida pelo atual governo por uma censura comandada por corruptos. Mas a Mary nos dá uma pista disso ao descrever sucintamente o eleitorado de cada candidato.
Bolsonaro é majoritariamente apoiado por quem rejeita a roubalheira petista, pelos conservadores em termos de costumes, pelos trabalhadores das faixas média-baixa à alta, por quem está no agronegócio e pelos empreendedores em geral, de pequenos e iniciantes a grandes e consolidados.
Esses raramente trabalham com comunicação, mas normalmente são capazes de pensar por conta própria e manifestar suas opiniões nas redes sociais. E é sobre esse grupo e muito dos conteúdos que ele consome que mais incidiria (já incide) a censura lulopetista.
O eleitorado petista é composto por uma elite que inclui jornalistas, artistas, ambientalistas, a turma das "humanas", os progressistas em termos de costumes etc. Esse pessoal sempre teve um bom acesso aos meios de comunicação, mas antes os dominava sem oposição e, agora, com as redes e a contestação que ali recebe, se sente cada vez mais constrangido por argumentos que não consegue rebater.
Embora se diga defensor da liberdade, esse pessoal não seria (não é) afetado pela censura esquerdista e está louco para poder voltar aos bons tempos em que falava sozinho e podia se autoelogiar como inteligente sem ser desmoralizado em segundos. O que eles mais querem é censurar.
Ao lado desse grupinho, existe uma turma média, relativamente pequena, mais fraca de cabeça, que cai na sua conversa e se sente também especial por repetir acriticamente o que dizem os "intelectuais".
E o lulopetismo conta ainda, como ressalta a Mary, com um grande apoio entre as pessoas que estão na pior situação social. Isso não acontece por acaso, pois foi explorando suas limitações e dando-lhes uma péssima educação durante mais de uma década que o partido-quadrilha e sua estrela maior conseguiram se manter como eleitoralmente viáveis.
Sem querer chamar todo pobre de ignorante (o que frequentemente não é verdade), aqui está aquele cidadão que muitas vezes mal sabe escrever, para o qual falar em censura pode não ter sentido algum. É com o voto dele que os censores querem chegar ao poder.
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