Ontem, ao comentar o esforço dos foicistas para defender a seriedade de trabalhos que já chegaram ao ponto de assegurar que Dilma seria senadora e Manoela prefeita, nós concluíamos que isso só acontecia porque eles eram antes de tudo propagandas que perdem o efeito se perderem a credibilidade.
No mesmo sentido, um juiz nomeado pelo ladravaz proibiu que as imagens do último 7 de Setembro sejam mostradas no horário eleitoral. Quem está por trás desses movimentos tenta fazer o eleitor comprar a ideia de que a realidade é algo que só os pesquisadores de certos institutos conseguem captar.
E não deu outra. À noite, uma pesquisa realizada logo após o dia 7 veio reiterar o discurso de que levar aquelas multidões sorridentes às ruas só havia alterado a situação do presidente para pior. O pessoal que não gosta dele passou a gostar ainda menos, só não sai de casa para mostrar isso a ninguém.
Não sai de casa... nem assiste TV ou internet. Enquanto a pesquisa ganhava as manchetes de Foices e assemelhadas, os dois principais candidatos davam entrevistas cujas audiências eram, como sempre, altas no caso do presidente e baixíssimas no do irregularmente descondenado. Mas isso também não importa, é claro.
Hitley
Na TV, lá pelas tantas, o Molusco comparou Bolsonaro a Hitler. Isso fez nossos comentaristas online lembrarem que ele confessou admirar o líder nazista numa entrevista dada à Playboy em 1979. E ao pesquisar o tema no Google eu encontrei um artigo em que, após desancar o malandro, um jornalista escrevia:
Lula tinha, então, 34 anos e era visto por parte da esquerda como a grande novidade da política — uma liderança genuinamente operária. Outra parte torcia o nariz e rejeitava o que lhe parecia individualismo excessivo, falta de "consciência de classe" (risos), despolitização, flerte com o populismo etc. Eu tinha 18 anos à época, militava numa organização trotskista e o considerava um verdadeiro violador dos princípios da classe operária… Bem, já contei para vocês como eu e o mito Lula nunca nos demos: antes, eu era esquerdista demais para suportá-lo; depois, acho que virei democrata demais…
Pois vejam só que coisa, passados mais alguns anos eles passaram a se dar. O jornalista era Reinaldo Azevedo e não, não foi o condenado em três instâncias que mudou de repente. Foi Tia Reinalda, que hoje, comentando a pesquisa divulgada ontem, escreveu em sua coluna no grupo Foice:
Tudo indica que Bolsonaro já colheu o que tinha de colher com as PECs inconstitucionais e com o 7 de Setembro golpista. E ainda não foi desta vez. Resta apelar a puxadinhos de fundo de quintal ou a anexos de lobbies que reivindicam a condição de institutos de pesquisa, para produzir números ao gosto de quem encomenda — os chamados levantamentos "on demand/delivery". Pagando um pouco mais, devolvem a pessoa amada em três dias e podem prometer o amor verdadeiro.
Bem, nesses assuntos de gente comprada é melhor não discutir com os especialistas. Vamos apenas lembrar que tudo estava cifrado na charge que ilustrava o texto de ontem. O homem lia um jornal com pesquisas de Ibope (Ipec), Datafoice e Vox Populi. E quem o entrevistava usava um microfone com o logotipo da Globo, que é quem banca as atuais pesquisas de Ipec e Foice. É a Globo quem as compra.
Acima: Rossana Guessa, que recebeu um belo cachê para ser destaque daquela Playboy.
Nenhum comentário:
Postar um comentário