segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Senadora Dilma, prefeita Manoela

O novo escândalo da militância de redação é um vídeo em que um empresário que distribui marmitas a pessoas carentes descobre que uma delas apoia o condenado em três instâncias e diz que a partir dali não mais a alimentará. Depois ele gravou outro vídeo dizendo-se arrependido, mas não adiantou.

Como se poderia esperar, os militantes trataram o episódio como mais uma prova definitiva de que os apoiadores do atual presidente são tão malvados quanto ele, nazistas em potencial que banalizam o mal, fascistas que tem horror aos pobres etc. Mas será correta essa extrapolação?

O tal empresário distribuiria habitualmente marmitas aos pobres se os detestasse? Esse histórico não conta? O seu arrependimento não conta? Não seria mais correto vê-lo como alguém que irritou-se momentaneamente com a ignorância da senhora que recebia a comida, mas nada fez de concreto contra ela ou ninguém?

Mesmo que o sujeito fosse um monstro que retirasse marmitas dos necessitados ao invés de doá-las, poderíamos considerá-lo um típico representante de dezenas de milhões? Não seriam mais representativos aqueles do outro vídeo, que nada pensaram em fazer contra a cidadã vestida de vermelho no vagão lotado de verde e amarelo?

Com milhões de apoiadores do presidente saindo às ruas não vimos dentes trincados, expressões de ódio ou qualquer das atitudes que os militantes lhes atribuem. Pelo contrário, as manifestações foram ordeiras (como sempre) e não faltam imagens para comprovar seu tom festivo e familiar.

Que estatística torta é essa que vive de episódios isolados? Que tal comparar pelo menos os milhões de agora com os milhares das minifestações lulopetistas concluídas com incêndios de lixeiras e vidros quebrados. As do seu passado, bem entendido, porque das atuais faltam imagens.

Faltam imagens, faltam imagens, faltam imagens... E tanto faltam que a Foice/UOL sentiu o golpe e escalou lulopetistas como o seu ombudsman e o famigerado Sakanamoto para tentar explicar a gritante diferença entre os resultados pretensamente científicos de suas pesquisas e a percepção popular.

Eles tentam, mas é impossível levar a sério a argumentação malandra de quem finge não ter cometido erros grosseiros como os lembrados pelo título. Ou que passa ao largo do problema das pesquisas divergentes entre si. Ou que não explica por que o líder de suas pesquisas tanto teme o contato com o povo.

É claro que um grupo minoritário pode levar mais manifestantes às ruas, mas existe algum exemplo histórico em que isso acontece nas atuais proporções? Onde estão aquelas milhões de pessoas que as mesmas pesquisas diziam estar desesperadas para mostrar seu repúdio ao presidente tão logo terminassem as restrições da pandemia?

A senadora e a prefeita que nunca o foram não são pontos fora da curva, são apenas alguns dos muitos "erros" cometidos por essa gente que entende tanto de estatística que desconsidera o exemplo de multidões enquanto toma um episódio isolado como prova de comportamento coletivo.

E se você ainda tiver dúvidas é só se perguntar por que eles se sentem na necessidade de defender suas pesquisas.

Se elas são fórmulas científicas, como eles dizem, acabarão acertando independente do que se pense a seu respeito. Aqui os fatos falam por si. Ao se preocuparem em defendê-las, os militantes de redação revelam que pesquisas como as da Datafoice são antes de tudo propagandas que perdem seu efeito se perderem a credibilidade.

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