domingo, 4 de setembro de 2022

Jornalismo militante

A imprensa militante, uma ferramenta de partidos e movimentos sociais, propaga causas políticas e ideológicas. A imprensa profissional rejeita a pregação: analisa o noticiário segundo ângulos e pontos de vista diversos, refletindo a pluralidade política da sociedade. O especial sobre as cotas raciais nas universidades publicado pela Folha ilustra a colonização da segunda pela primeira.

Assim começa, corretamente, na mesma Folha, o artigo cujo título tomamos emprestado: "Jornalismo militante". Na continuação, seu autor, o crítico das cotas Demétrio Magnoli, expõe o truque utilizado pelos colonizadores:

São seis textos de propaganda das cotas raciais. Acompanha-os uma entrevista com um crítico das cotas raciais que funciona como disfarce: o álibi para inscrever a peça de imprensa militante num veículo da imprensa profissional.

A partir daí Demétrio analisa rapidamente as asneiras dos seis textos e, antes de concluir que a Folha está em campanha pela ampliação e eternização das cotas, critica também o álibi dos malandros:

O "outro lado" resume-se a uma entrevista hostil: um interrogatório confrontacional no qual o jornalista embute nas "perguntas" as teses dos arautos das cotas de raça. Num toque de supremo oportunismo, o entrevistador sugere que o entrevistado alinha-se com o bolsonarismo, obrigando-o a esclarecer que é um "crítico ao governo".

E se fosse?

Mas se o entrevistado se alinhasse ao bolsonarismo, apoiasse de algum modo o atual presidente, qual seria o problema? Isso não refletiria "a pluralidade política da sociedade"? Por que o entrevistado precisa esclarecer que é um "crítico do governo"?

Todos sabemos a resposta. Do ombudsman do jornal ao seu editor de ciências, o sujeito que escreve na Folha é um militante esquerdista que trata Bolsonaro como um monstro fascista, apoia os ataques autoritários do STF contra ele, tenta depreciar as manifestações populares a seu favor e tudo o mais. Uma ou outra exceção serve apenas de álibi para que o diário continue a se fingir de imprensa profissional.

Por que Demétrio não se escandaliza também com esse aspecto da militância foicista? Ah, é porque nesse ponto ele concorda com os militantes. Criticar as cotas tudo bem, mas tratar quem apoia o governo Bolsonaro com honestidade nem pensar. E Demétrio não é um caso isolado, é a norma. A Foice também.

Discussões entre quem compra partes diferentes do pacote esquerdista é toda a pluralidade que vamos encontrar hoje em dia na maioria de nossos jornais. Uma luta entre a picaretagem ululante e a que ainda tenta disfarçar é o máximo que podemos esperar. Joaquim de Carvalho versus Putinha do PT, mais ou menos a isso se reduz hoje nossa imprensa.


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