sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Golpistas

Quando não pode mudar de cidade, o golpista vai mudando um pouco o golpe, alterando detalhes e substituindo comparsas para não ser facilmente desmascarado e melhor se adaptar à nova situação. Mas no fim ele segue padrões que se repetem e podem ser reconhecidos.

Eu fui impreciso ao dizer, ontem, que os institutos erraram "praticamente tudo" nos últimos tempos. Retiro o "praticamente". Em levantamento do mês passado que analisou 97 pesquisas eleitorais de 2018, Cláudio Humberto demostrou, no Diário do Poder, que eles erraram foi tudo mesmo.

Até mesmo na véspera da eleição, quando maneiraram sensivelmente os absurdos anteriores, Datafolha, Ibope e Ipespe deram a Bolsonaro dez pontos a menos do que as urnas dariam e continuaram dizendo que ele perderia o segundo turno (algo que pode ter influenciado eleitores e impedido sua vitória no primeiro turno).

Em 2014, Datafolha, Ibope, MDA e Vox Populi passaram 47 dias (quase toda a campanha eleitoral), repetindo que Dilma estava na frente e Marina Silva em segundo lugar.

Nas ruas não se via "marinistas". O que se via aqui e ali já eram grupos antipetistas de verde e amarelo pedindo Aécio. Mas foi só na última pesquisa desses institutos, na véspera ou antevéspera da eleição, que o mineiro apareceu em segundo lugar - novamente, com um erro de dez pontos, pois lhe davam 24% e ele teve quase 34%. Dois padrões

O primeiro padrão é claro. Quem vende o bilhete premiado não é o único a dizer que aquele número foi sorteado. Logo alguém se aproxima e confirma a informação. E depois outro faz o mesmo e diz que vai retirar dinheiro para comprar o bilhete. Eles são comparsas, mas o ingênuo não percebe isso e acredita que "se todos dizem, deve ser verdade".

O segundo padrão é que eles aceleram no erro e só freiam um pouco no último instante, colocando Aécio no jogo num caso e aumentando o percentual de Bolsonaro no outro. A alteração é pequena, mas lhes dá a desculpa de que já havia uma tendência no sentido contrário ao que previram anteriormente.

O fato novo

A grande novidade dessa eleição é a abismal diferença entre o que dizem as ruas e as pesquisas. O candidato que nelas vai mal leva milhões de pessoas às ruas e é aplaudido até em estádios lotados. Quem nelas vai bem precisa pagar para ter público em comícios esvaziados e, de modo inédito, não teve um único contato autêntico com populares durante toda a campanha. Para culminar, depois que reuniu multidões nunca vistas no último dia 7, o que ia mal ficou ainda pior.

Tentando explicar a contradição, andaram dizendo por aí que (1) Bolsonaro causa tanta rejeição que quanto mais seus adeptos gritam mais votos ele perde. E (2) essa rejeição seria causada principalmente por suas ações durante a pandemia. Mas:

1 - Se é assim, por que os petistas querem impedi-lo de mostrar as imagens do dia 7? Eles não ganham mais votos quando elas são usadas?

2 - Quem se apresentou como seu oposto durante a pandemia foi o Docinho. Qual deles tem medo de sair às ruas e não tem nenhuma chance eleitoral?


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