domingo, 10 de julho de 2022

Sem marcha a ré

Bolsonaro pensou que seria o único político a falar para religiosos no dia da Marcha para Jesus, mas a oposição deu sua resposta realizando, na Sé, no mesmo horário, um ato ecumênico e inclusivo liderado pelo padre Júlio Lancellotti (vrum, vrum) e a "reverenda Alexya" (cujo nome de batismo é João Carlos).

Acompanhados de um pastor petista, o padre e a reverenda lavaram os pés de alguns mendigos e distribuíram duas mil refeições para pessoas que fazem parte dos 33 milhões que passam fome, mas, fieis aos 200 reais que os alimentavam na época do Bolsa Família, se recusam a receber o Auxílio Brasil de 600.

Pausa para uma curiosidade. Quem contou o número de refeições? Quem as pagou? A Foice não informa. Como no caso dos 33 milhões de candidatos a faquir, os números são jogados ao estilo do seu instituto de pesquisa: eles ouviram algumas pessoas que disseram.

Na marcha

A Foice ouviu também participantes da Marcha para Jesus. Uns três ou quatro que nem deviam saber bem porque estavam lá porque eram contra a presença de Bolsonaro, contra os líderes que a permitiam e contra a preocupação com os ataques esquerdistas à liberdade e aos valores familiares.

Dá até para perguntar que fé é essa, pois só o que interessava aos entrevistados era o bucho cheio. Mas nesse caso eles não deveriam apoiar quem foi contra o "fecha tudo" e está saindo da pandemia como poucos no mundo? Não deveriam ser contrários a quem recebeu a melhor situação internacional possível e entregou um país quebrado?

Pois parece que eles imaginam que basta entregar o país a quem pegou a boa condição mundial para esta se tornar excelente e os reflexos disso superarem as "percas" com o retorno triunfante da incompetência e da corrupção sem igual.

Está explicado, a verdadeira fé dos religiosos que a Foice diz ter encontrado é no poder mágico do irregularmente descondenado. Eles deveriam deixar a igreja atual e entrar na da reverenda, onde já é assim. Ou na do Júlio, onde quem tem uma fé mais avantajada pode ganhar até uma SUV.

Cadê o evanjegue?

Claro que até a Foice sabe que, ao contrário do que diz seu instituto, a grande maioria dos participantes da Marcha pensa de outro modo. E, para manter as aparências, o jornal também fala destes numa reportagem mais escondida e com duas características que chamam a atenção.

Uma delas é focar em casos isolados e em pessoas que se vestem de modo curioso ou dão declarações exageradas. O objetivo, mais do que óbvio, é passar a ideia de que o apoiador de Bolsonaro é um sujeito sem noção e manipulável. Mas tudo com jeito de jornalismo isento, sem explicitar a mensagem.

Quem deixa tudo explícito são os comentaristas, pois hoje em dia só quem pode comentar é o assinante do jornal e dá para imaginar o nível de quem ainda faz isso. Uns se dizem tristes, outros se mostram irritados. E, lá no meio, um deles explica o sumiço do "evanjegue", termo hoje menos utilizado que no passado.

Diz esse comentarista que foi temporariamente banido do Facebook por usar essa palavra. E é possível que o mesmo esteja ocorrendo no Twitter e outros lugares. Os petistas não ficaram repentinamente educados e respeitosos. Foram apenas censurados.


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