segunda-feira, 25 de julho de 2022

Repita: ausência de prova...

Educação é Matemática e Português (Linguagem). O sujeito pode até acabar esquecendo detalhes como o nome de uma regra, mas, se for ensinado a se virar relativamente bem nas duas coisas no início, não terá maiores problemas para raciocinar, se expressar e estudar o que mais quiser depois.

A lógica básica está implícita em ambas, mas a minha lista de matérias para o primário lhe reservaria um espacinho exclusivo, em aulas que procurariam ser até divertidas, uma vez por semana. Nelas, a professora proporia questões como a que se segue:

- Dona Maria colocou o bolo na janela e alguém o pegou. Investigando o caso, ela descobriu que João havia passado pela estrada no período em que isso aconteceu e o acusou de ser o ladrão. Mas ele disse que não havia feito nada e argumentou que sempre passava por ali e nunca havia pegado bolo algum antes. Quem tem razão?

As crianças discutiriam um pouco e então a professora as levaria às inevitáveis conclusões.

Não há prova alguma contra João. Ele passou pelo local e o bolo sumiu, mas pensar que a coincidência temporal entre os eventos implica numa relação causal obrigatória entre eles seria um erro lógico que tinha até um nome em Latim: cum hoc ergo propter hoc; com isso, logo por causa disso.

As crianças ririam do nome latino. E ririam mais quando, anos mais tarde, alguém sugerisse que um presidente era culpado por uma pandemia porque ela ocorreu durante seu governo. Ou que se devia votar em alguém porque durante a época em que ele esteve no poder algumas nações experimentaram um crescimento que nos beneficiou.

No entanto, continuaria a professora, também não se pode ter certeza de que João não pegou o bolo. É verdade que ele não fez isso antes porque os bolos não sumiram no passado, mas tudo pode acontecer pela primeira vez. Não há provas contra ele, mas ausência de prova não é prova de ausência.

Disso as crianças não ririam na hora porque é preciso pensar de novo para conferir. Mas a regra seria entendida e elas gargalhariam quando, já adultas, alguém tentasse convencê-las de que um sistema de votação que não pode ser auditado por alguém de fora é seguro porque nunca provaram que ele foi fraudado antes.

Quando a gente diz que a maioria dos esquerdistas é burra ou desonesta, não se trata de uma ofensa vazia como chamar alguém de fascista ou comunista. É de fatos objetivos como os que acabaram de ser citados que se está falando. Algum malandro dá uma declaração logicamente absurda e, sem conseguir pensar por conta própria, o gado petista a trata como verdade porque veio de um "intelectual" ou coisa que o valha.

E para quem achava que nada poderia ser mais grotesco que um militante de suprema toga usar essa argumentação, há uma novidade na Foice de hoje. Os militantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, hoje presidida pelo ex-ministro petralha Renato Janine Ribeiro, lançaram um manifesto em defesa das urnas secretas.

No meio deste se pode ler "...e seu ENDOSSO ÀS URNAS ELETRÔNICAS QUE TÊM FUNCIONADO MUITO BEM há décadas".

Que saudades da professorinha. Petista, vá para a lousa e escreva até aprender:

Ausência de prova não é prova de ausência.

Ausência de prova não é prova de ausência.

Ausência de prova não é prova de ausência.

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