Como você pode encontrar técnicas e costumes semelhantes na América e no Egito de milênios atrás? Ou uma sucessão de palavras quase idênticas no mundo maia e em parte da antiga Índia? Coisa de extraterrestres, responderiam de imediato os herdeiros de Eram os Deuses Astronautas, publicado originalmente em 1968.
Mas uma explicação alternativa já havia sido sugerida em 1947, quando, na famosa expedição Kon-Tiki, Thor Heyerdahl e mais cinco amigos cruzaram os 7000 quilômetros que separam a América do Sul da Polinésia a bordo de uma balsa como as utilizadas pelos antigos habitantes dessas regiões.
Pois um ano depois dos deuses astronautas, em 1969, o norueguês voltou à carga com a expedição Ra, nome do barco de papiro, marqueteiramente construído em frente à grande pirâmide do Egito, com o qual planejava ir da África à América Central, do Marrocos a Barbados.
A viagem de 6100 quilômetros acabou sendo abortada pouco depois de iniciada, ao ficar claro que o Ra afundaria. Mas Thor não se deu por vencido e, verificando que os índios aimarás do lago Titicaca ainda usavam embarcações como a que necessitava, contratou quatro deles para fazer uma nova.
Apesar de menor, o Ra II era mais seguro e permitiu que sua equipe chegasse ao destino após navegar durante 57 dias, em julho de 1970. A título de comparação, Colombo levou 70 dias para ir da Espanha às Bahamas.
Desde então ficou claro que os contatos entre continentes podem ser muito mais antigos do que se admite. Não haveria nenhum mistério na presença humana na isolada Ilha de Páscoa, a América poderia ter sido alcançada ainda mais facilmente pelos chineses, ou pelos sumérios que se comunicavam com eles, ou pelos indianos, ou egípcios...
Contatos frequentes, colonizações localizadas, transferências culturais, fenícios na Baía da Guanabara, tudo o que se queira imaginar nessa linha poderia ter acontecido realmente, não haveria nenhum obstáculo intransponível.
E os astronautas?
Ah, mas Thor se aventurou porque já sabia que havia terra do outro lado da grande água e os antigos só poderiam ter essa certeza se os extraterrestres lhes revelassem isso, certo?
Errado. Entre outras maneiras, a informação poderia vir do alto, mas não necessariamente através das naves ET e sim dos pássaros migratórios. Se um bando deles sai voando em direção ao oceano e retorna meses depois é porque existe terra e alimento em algum lugar à frente. Existirão também riquezas a explorar?
Já a definição das rotas pode ter sido como a corrida espacial, algo feito aos poucos, ao longo de décadas ou séculos. Alguém sai com provisões para duas semanas, investiga os ventos e as correntes marítimas na metade desse tempo e volta. Depois alguém navega quatro semanas ou tenta um caminho ligeiramente distinto. E assim por diante.
Resta saber por que os danados dos pássaros têm que migrar. Quem disse ao primeiro deles para fazer isso? Aí sim nós temos que admitir que os ETS podem ter incluído esse comando em seu DNA. Os teóricos dos antigos astronautas sempre encontram alguma coisa em que se agarrar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário