"Precisamos conversar com os evangélicos", disse aquele condenado por corrupção e lavagem de dinheiro logo após sua prematura libertação. "Precisamos conversar com os sertanejos", disse outro dia o petista encarregado de estabelecer pontes com o chamado mundo agro a partir de sua experiência no MST.
Continuam precisando, num caso e noutro. Mas a mãe de todos os "precisamos" é sua parte mais divertida, o "precisamos tomar as ruas" que ultimamente voltou a ser entoado em artigos cujos autores imaginam estar inflamando multidões enquanto dão leite ao gatinho.
O mais recente deles é o Coelho, o foicista Marcelo Coelho. Lembrando que Hitler só foi em frente porque não o enfrentaram desde o início, ele quer que os "democratas" brasileiros ocupem nossas ruas para evitar a instalação do Reich Tropical.
É interessante que os ditadores da fantasia coelhística sejam os que defendem eleições auditáveis, liberdade de expressão e respeito às leis (não às deturpações de militantes instalados em tribunais). Mas tudo bem, Marcelo, convoque seus democratas e toque ficha. Aí você entenderá a diferença entre pesquisa fajuta e apoio real.
Nem lá
E não é que tem mesmo gente conversando com antigos adversários e fazendo-os mudar de lado no mundo agro? Tem. Mas quem está fazendo isso é o governo, pois grupos inteiros deixaram o MST e se tornaram bolsonaristas.
Um deles é o assentamento Oziel Alves, nome de um sem-terra assassinado em Eldorado dos Carajás. Formado pela invasão de uma fazenda e anteriormente definido como "um exemplo em Alagoas" pelo site do MST, ele agora abandonou o movimento e tem uma direção que apoia abertamente o presidente.
No assentamento Rosa do Prado (em Prado, na Bahia) a transição não foi tão pacífica. Mas a minoria de esquerdistas convictos acabou se afastando e hoje os muros do local expõem lemas como "nossa bandeira jamais será vermelha" e "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
O mesmo se repete país afora e por trás de tudo estão aquelas distribuições de títulos de propriedade que a gente vê rapidamente nas redes. Temer as havia brecado. Mas Bolsonaro as retomou sem a intermediação do grupo subordinado ao PT e estimulando a aproximação entre assentados e o agronegócio.
Em discurso numa feira agropecuária em maio último, o presidente afirmou que, com a titulação, "nós trazemos as pessoas humildes do campo que outrora integravam o MST para o nosso lado".
E é verdade, a maior parte desse pessoal quer cuidar da sua família e não viver como soldadinho descartável do grupo de índole terrorista. Essas transições podem ainda não ser majoritárias, mas talvez chegue o dia em que os petistas dirão que precisam conversar com os assentados.
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