O general Braga Netto que nos desculpe, mas não é totalmente correto dizer que só o Brasil, Bangladesh e o Butão usam sistemas como o nosso. E não me refiro aqui ao fato de outros países os utilizarem como curiosidade alternativa, em número irrelevante. A questão são as diferenças entre o BBB da possibilidade de fraude inauditável.
Lendo os jornais de lá, meses atrás, deu para perceber que em Bangladesh há de tudo, inclusive voto manual. Já existiam algumas urnas sem impressão e o sistema estava por se tornar dominante em parte significativa do país, incluindo a capital. Mas, evidentemente, não seria possível fraudar toda a eleição através dele.
No Butão sim, é totalmente eletrônico. Mas lá o resultado não faz tanta diferença porque há um rei que, embora não seja absoluto, está acima dos eleitos. E o país tem a população de Sorocaba, tornando improvável que alguém invista os esforços e valores necessários para fraudar a programação da urna.
Aqui, ao contrário, vencer a eleição vale centenas e centenas de bilhões. Há, entre outros, o interesse de políticos que voltariam a assaltar as estatais, de ditaduras assassinas que voltariam a ser sustentadas por nós, de uma miríade de ONGs repletas de militantes e de poderosos grupos de comunicação.
E a fraude pode exigir apenas o convencimento de um número reduzido de técnicos. Imagine um deles frente a uma proposta como: "acerte-se conosco e até seus netos morrerão milionários, recuse ou abra o bico e toda sua família terá o mesmo destino do Celso Daniel". Impossível? É só ver o histórico dos interessados.
Perguntas, perguntas
Da histeria de titias e sakanamotos às lamentações de cantanhedes e similares, as reações da militância de redação foram as esperadas. Todos fingiram se horrorizar com o que sabem ser verdade. E quase todos tiveram acesso à opinião de embaixadores cujos nomes não podem ser revelados, mas ficaram igualmente espantados.
As histéricas querem que o presidente seja derrubado de imediato pelo crime de sempre, que é se opor ao retorno de seu patrão. Cantanhede se entristece pelo Brasil ser exposto como uma republiqueta e imagina que os governos estrangeiros defenderão nosso sistema eleitoral após receberem os relatórios de seus embaixadores.
Será? Acho difícil que eles queiram se meter em nossos assuntos internos, o mais provável é que não façam nada. É claro que eles sabem que Bolsonaro fez seu jogo. Mas sabem melhor ainda que muitas de suas críticas têm inegável fundamento. E não podem deixar de comparar nossa situação com a deles.
Em seu país, um membro do Supremo fica dando opiniões políticas e tomando abertamente lado? Foi mais ou menos isso que o presidente perguntou e todos sabemos a resposta. Esse "protagonismo" de ministros do STF é o que verdadeiramente nos aproxima de um paiseco bananeiro.
Se o nosso sistema é tão bom, por que vocês não o utilizam? Essa resposta também é conhecida por todos. Não dá para imaginar um país como a Alemanha, onde o voto eletrônico foi declarado inconstitucional, defendendo que ele seja usado aqui por militantes que vestem toga. A Cantanhêde que espere.
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