quarta-feira, 20 de julho de 2022

Desmascarados em público

Recoste-se na poltrona, feche os olhos e imagine que seu adversário político cometeu um erro terrível. Perdeu qualquer possibilidade de obter apoio internacional ao se expor ao mundo como um trapalhão com ímpetos antidemocráticos. E perdeu muitos pontos com o eleitor comum, que não faz parte do seu pequeno grupo de fanáticos.

Se fizer mesmo o exercício, você acabará abrindo os olhos com um sorriso nos lábios, se levantará da poltrona leve como uma pluma e sairá porta afora para cuidar da sua vida com renovado otimismo, sem mais pensar no troglodita ridículo que ameaçava atrapalhar seus belos planos.

Pois não foi isso que aconteceu ontem com a nossa esquerda, principalmente entre a militância de redação. Sua narrativa era de que a apresentação do presidente aos embaixadores havia sido um desastre. Mas a sucessão de textos repletos de ódio e rancor com que essa gente nos brindou durante o dia (e ainda brinda hoje) sugeria o contrário.

Quem os mandou fazer isso. E por quê?

É uma pergunta para cada coisa, hehe. Quem os mandou dizer que o encontro foi um fracasso nem vem ao caso, pois eles reagiriam assim ainda que ele fosse um sucesso absoluto. Estamos falando de pessoas que, entre outros exemplos, conseguem omitir que mais de um milhão de apoiadores do presidente tomaram as ruas no último 7 de Setembro.

O mistério está no que os terá incomodado tanto. E eu acho que a resposta está na exposição daquele jogador que eles teimam em fingir que é juiz. Qualquer sujeito que chega a embaixador deve ser esperto o bastante para já ter percebido o que acontece por aqui, mas isso é diferente do presidente lhes perguntar num evento oficial:

- No seu país um ministro da corte mais alta fica dando opiniões pessoais sobre o governo, faz acusações levianas pelo twitter, participa de frequentes encontros com oposicionistas e diz que estes são, como ele, parte do Bem que derrotará o Mal?

A pergunta não foi essa, mas foi semelhante. E resposta, que cada embaixador guardou em sua mente, foi um rotundo "não". O que acontece aqui, onde o supremo está dominado pelos indicados do petismo no melhor estilo da cartilha bolivariana, é impensável em qualquer nação democrática.

Ali estão os verdadeiros golpistas, os que censuram e prendem à margem da lei, os que invocam motivos ridículos para tornar condenados elegíveis, os que pressionam para que a eleição dependa apenas de um software que controlam. E os que podem tentar concluir o golpe declarando vitorioso um candidato que só é forte no mundo virtual, mas não tem coragem de caminhar numa rua do país.

Golpe esse ao qual, diga-se de passagem, a parcela da nação que defende as cores e os verdadeiros valores nacionais tem todo o direito moral e legal de reagir.

Vendida pelos comparsas do petismo e comprada pelos palermas que não conseguem pensar por si, a fantasia de que nossa suprema corte é a casa dos guardiões imparciais da ordem constitucional foi rasgada oficialmente frente ao mundo. É isso que tanto os irrita, ainda mais porque não podem tocar abertamente no assunto.


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