Devido a limitações individuais ou coletivas, nós só percebemos uma parcela da realidade. A desonestidade está em fingir que as demais não existem e escolher partes do que é percebido para criar uma falsa narrativa. E ela fica especialmente feia em quem deveria se dedicar profissionalmente a fazer o contrário.
"Assassinato de petista teve motivação política, mas não é crime político" diz o Estadão, citando "especialistas" - no quê? no óbvio? - para ainda tentar salvar sua alma jornalística. Porém, do outro lado da praça, a perdição parece irreversível. A Foice dá uma disfarçada nas manchetes, mas seus colunistas escancaram no UOL.
Lá, é mais ou menos como se um sujeito entrasse numa festa de petistas gritando "aqui é Bolsonaro" e atirando em todo mundo. Isso num incidente que foi em grande parte filmado e sabendo que as circunstâncias podem ser conhecidas por todos. Não é por acaso que esse pessoal tem horror da liberdade na internet.
O destaque vai mais uma vez para Tia Reinalda, a transpolítica que chega a insinuar que o inquérito policial concluiu não haver crime político por ter sido realizado no Paraná, aquele estado terrível que condenou injustamente seu querido candidato a presidente. Titia não tem mais jeito.
Urnas secretas
Outro assunto que está deixando os foiceuolistas irritadíssimos é a próxima eleição. Não ela em si, mas a possibilidade de que o resultado apresentado pelas urnas que não podem ser auditadas (que eles dão como certo devido aos números que jogam em suas pesquisas) seja contestado para valer.
"Covardes! Mil vezes covardes!" berra Cristina Serra ao atacar, com evidente desespero, coisas como a proposta de votação paralela em urna auditável, a população cada vez mais armada e os filhotes da ditadura que agora se inspiram em Trump para lançar sua sombra golpista sobre a nossa democracia.
O problema é que Cris deveria falar também da parte em que os caras que comandam a programação das urnas são os mesmos que descondenaram aquele criminoso e pressionaram os deputados para evitar o voto impresso e auditável. Imprimissem elas os votos, nenhuma contestação às urnas hoje haveria.
Já o eterno libelu, Demétrio Magnoli, range os dentes para contar a história de um dos "ressentidos" (elas adoram essa palavra) que depois percebeu ter sido manipulado por Trump no caso da invasão do Capitólio. Os paralelos são óbvios, mas, como sua colega, ele esquece de contar o que aconteceu de particular por aqui.
Esqueceu igualmente de dizer a que se deve tanta raiva. Quem dá uma pista é Cristina, que termina seu artigo dizendo: "Vamos assistir a tudo calados e inertes?" Vão sim, Cris, essa é outra parte da realidade que lhes desagrada, mas se a chapa esquentar vocês vão ter que engolir o resultado do que plantaram bem quietinhos.
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