Como o presidente fez com os terráqueos, eu expliquei ao embaixador de Marte o que está acontecendo e pode acontecer no Brasil atual. Como ele pouco nos conhece e já estava prestes a embarcar na nave espacial, foi necessário simplificar a apresentação ao máximo. E eu a iniciei contando que há dois blocos em luta.
O bloco vermelho controla as "humanas" das universidades, conta com Globos e CNNs e tem jornais, institutos de pesquisa e jornalistas comprados, além da cumplicidade de esquerdistas da imprensa e organizações internacionais. Seu apoiador médio é apalermado e pouco faz, mas sua grande força está no STF, onde seus militantes definem o que é a lei e comandam o processo eleitoral sem voto auditável.
Com o bloco verde-amarelo estão Record, SBT e JP, a imensa maioria dos religiosos e empresários do país, o mundo agro e a população mais participativa que domina as redes sociais e as ruas. O presidente está desse lado com boa parte dos deputados, mas a sua grande força é a bruta, obtida graças ao apoio quase unânime das polícias do país e de suas Forças Armadas.
Golpe
O golpe vermelho é simples, consiste em tomar atitudes ilegais que são declaradas legais por seus militantes no STF e propagadas como tal pelos da imprensa.
Assim eles perseguiram seus adversários com censuras diversas, inquéritos absurdos e prisões por "delito de opinião". Mas o golpe propriamente dito foi iniciado quando os vermelhos do STF rasgaram duplamente a lei para "descondenar" o criminoso condenado por unanimidade em todas as instâncias técnicas.
A partir daí eles tiveram um candidato que não tinha coragem de sair às ruas, mas podia ser vendido como popular a ponto de vencer a próxima eleição. Bastava-lhes então apresentá-lo como vencedor em suas falsas pesquisas e confirmá-las programando as urnas para desviar votos dados ao adversário.
Para evitar a fraude, o bloco oposto tentou apenas cumprir a regra original e instaurar o voto impresso. Mas, em outra ilegalidade, os militantes do STF ameaçaram veladamente deputados que, somados aos vermelhos, mantiveram o voto que pode ser eletronicamente alterado. Com isso, abrem-se quatro cenários.
Cenário 1 - Golpe abortado
É o melhor cenário. Receando o contragolpe, os vermelhos abortam o golpe e não alteram os votos. O presidente é reeleito e nomeia ao menos mais dois ministros para o STF, contribuindo para democratizá-lo e garantir as liberdades ora ameaçadas.
Cenário 2 - Golpe sem resposta
É o pior cenário. Os vermelhos fraudam as urnas, mas o bloco verde-amarelo não dá uma resposta adequada e acaba por permitir a posse do descondenado. Haverá luta depois, mas o aumento de poder dos vermelhos a torna obviamente mais difícil.
Cenário 3 - Golpe e contragolpe
Os vermelhos concluem o golpe fraudando o resultado e recebem o contragolpe na moeda da interpretação particular da lei que tanto usaram. Após badernas diversas, o presidente aciona o artigo 142 e as FFAA colocam ordem no país e afastam os militantes vermelhos do STF. Os novos membros da casa declaram que o uso do 142 foi legal, anulam a descondenação do bandido e marcam novas eleições com voto impresso.
Há um certo burburinho internacional, mas ele termina com a realização da eleição auditável. E mesmo que um candidato vermelho a vença não há maiores problemas, pois sem o domínio do STF e das FFAA ele se vê obrigado a respeitar as regras democráticas.
Cenário 4 - Golpe abortado e contragolpe
É o cenário mais irônico. Os vermelhos abortam o golpe e vencem lisamente, mas não podem provar isso porque não têm o voto impresso. O bloco verde-amarelo acredita que eles deram o golpe e segue o roteiro do cenário 3.
O embaixador riu muito dessa possibilidade e, como bom representante do planeta que leva o nome do deus da guerra, declarou que passará a torcer pela porrada democrática implícita nos dois últimos cenários. Em suas gentis palavras, despedindo-se após a seção de fotos:
- O planeta é vermelho, mas meu coração é verde e o outro amarelo.
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