terça-feira, 5 de julho de 2022

Autoridade de quem a tem

Circulou ontem pelas redes o vídeo em que membros de uma facção criminosa invadem um culto evangélico para que o pastor abençoe seu líder antes da batalha contra os invasores de um grupo rival. A cena foi corretamente descrita como surreal e adjetivos similares, mas existem outros aspectos a destacar.

O templo não é mais que uma sala apertada, talvez a garagem da casa do pastor. Este certamente não passou anos estudando teologia. Pode ter sido obreiro de uma igreja maior da qual se tornou "franqueado", pode ter criado sua própria denominação e se autointitulado condutor de almas.

Mesmo com essas restrições, sua condição de intercessor entre o Céu e a Terra é reconhecida pelos soldados do tráfico, acostumados a uma rotina que não poderia estar mais afastada de um caminho espiritual. E se até eles o respeitam, que dirá os frequentadores habituais daquela igreja?

Podemos apostar que estes discutem seus problemas coletivos ou pessoais com o pastor, levam em conta suas orientações e procuram viver de acordo com os valores por ele defendidos, que, salvo raríssimas exceções, o aproximam muito mais de Bolsonaro que do depravado que ainda deveria estar na cadeia.

É isso que torna difícil acreditar em pesquisas que dizem existir um empate técnico entre o eleitorado evangélico. Sendo elas verdadeiras, os pastores - não um ou dois, mas praticamente todos eles - teriam uma posição política e metade do seu rebanho teria outra, diametralmente oposta.

Oposta e secreta. E muito bem escondida, pois, como regra, os pastores, que tão bem costumam conhecê-los, declaram que seus fieis pensam, em sua imensa maioria, politicamente como eles.

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Tentando justificar essas pesquisas, os defensores do retorno à bandalheira projetam sua própria hipocrisia nos crentes e dizem que estes não levam realmente a sério os tais valores, mas votam em quem mais lhes encher o bucho e este seria o ex-detento, porque "em seu tempo estava melhor".

Até poderia estar, mas não por causa dele e sim porque Deus inicialmente o abençoou com uma condição mundial fora do comum. E o que ele fez com isso? Foi jogando tudo fora, promovendo a corrupção que acabou por levá-lo à cadeia e plantando um desastre que explodiu na mão de sua sucessora de confiança.

Já seu adversário foi testado pelo Senhor com uma pandemia inédita e inimigos poderosos que tentaram utilizá-la para destruir as pequenas empresas e os empregos com seu "fecha tudo". E veja como ele se saiu, como as dificuldades nos outros países são muito maiores que no Brasil.

Mesmo desconsiderando a situação internacional que cada um pegou, o desemprego hoje é menor que o deixado pelo lulopetismo, o auxílio dado aos que mais precisam, de gás mais 600 reais, maior que nunca. O dinheiro que antes era roubado agora vai para o povo.

E a questão dos valores mais altos, que não são os financeiros? Quem lutou contra o kit gay que o lulopetismo quer implantar nas escolas? Quem defende a importância da família, a vida dos inocentes que estão por nascer? Quem lutou contra tudo e contra todos para colocar um homem temente a Deus no posto mais alto do sistema judiciário?

Você vai jogar isso fora para dar poder àquela gente que o chama de evanjeque? Vai trocar o que tem pela fantasia de que aquele que perdeu o favor do Senhor conseguirá fazer algo melhor com sua simples presença? Isso não seria só um erro, seria idolatria. Escute seu coração e veja o que Deus quer para o Brasil.

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Eu não vou fazer o discurso dos parágrafos anteriores para ninguém. Mas aquele sujeito cuja autoridade moral é reconhecida até pela bandidagem pode fazer um parecido. Os vinculados a igrejas maiores certamente farão, a orientação virá (ou já veio) de cima. E os pequenos e independentes não ficarão atrás. Como já foi dito, no segmento evangélico é ainda mais difícil acreditar nas pesquisas estilo Vox e Foice.


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