O que acontece quando um fanático paranoico encontra outro? O que aconteceu quando o "especialista em segurança" da esquerda, Luiz Eduardo Soares, foi entrevistado pelo Tutaveia, digo Tutameia, site da foicista aposentada Eloucona de Lorena, que transcreveu os principais trechos da conversa.
Metade da transcrição é dedicada à "chacina promovida por policiais no Complexo da Penha" e ao rapaz "executado por policias rodoviários em Sergipe", temas do dia. E Dudu não sai do script: a guerra às drogas é inútil; a polícia é nazista e genocida contra pobres e pretos; os policiais já eram bolsonaristas antes de Bolsonaro, mas ter um fascista no poder agrava a situação...
O de sempre. Mais interessante, a segunda parte foi ressaltada pelo título escolhido por Eloucona: "É preciso criar coletivos populares contra o golpe, alerta Soares". Vejamos o que diz o especialista.
"Imaginemos situações em que as seções eleitorais vivam balbúrdias e vandalismos provocados por populares. Alguém que se finja de bêbado, alguém que diga que digitou alguma coisa e não apareceu e grite e exija que aquilo seja suspenso. Chama alguém e forças policiais locais podem ser pouco rigorosas com isso ou podem agir supostamente em nome da legalidade por uma intervenção que suspenda aquele processo naquele local."
Talvez eu também tenha sido um bolsonarista antes de Bolsonaro, mas, na fila da seção, já pensei várias vezes nisso. O que aconteceria se alguém se recusasse a sair da frente da urna? Até onde sei, ninguém pode se aproximar do eleitor nesse momento. Existe um prazo que não pode ser ultrapassado? Se existir não deve ser pequeno. E se vários eleitores se demorarem? Foi o que Dudu também imaginou.
"Vamos multiplicar isso. Vamos dizer que isso se converta numa declaração pública do presidente no meio das eleições dizendo: 'as denúncias estão pipocando no Brasil afora; esses comunistas sabem que vão perder e estão criando balbúrdia justamente para inviabilizar o processo eleitoral; vamos exigir ordem'. E surge a possibilidade da suspensão, do adiamento. Se criou o vácuo que é um abismo. Imaginem que há sempre juristas à disposição de qualquer golpe. Mesmo que o TSE defenda a ordem eleitoral, com que meios de 'enforcement', de força? Se as polícias lá na base parecem um pouco arredias aqui e ali. E as Forças Armadas acompanham tudo com preocupação, mas à distância."
Hummm, boa ideia. Temos que reconhecer que essa seria uma boa resposta para toda a sacanagem dos que não só boicotaram o voto impresso e auditável, mas também rasgaram a lei para descondenar o notório criminoso. Uma eleição nessas condições já foi fraudada pelos verdadeiros juristas golpistas. Quanto aos policiais, Dudu tem razão.
"Podemos imaginar situações anteriores ao dia da eleição, na véspera, no dia. Ou nos dias subsequentes. Enfim o inferno é o limite para uma imaginação fascista fértil. Não podemos imaginar que o golpe exija necessariamente coordenação e organização, porque eles são completamente incompetentes e incapazes. As policias não vão arriscar os seus empregos e suas carreiras numa aventura. Mas não é preciso isso. Basta alguns focos aqui e ali de problemas e alguma instrução aqui e ali na ponta de milicianos e segmentos policiais comprometidos, sem assumirem uma posição ilegal, tendam a colaborar com um clima de tensão e de notícias falsas que se espraiam rapidamente." Imagine se fossem competentes e capazes. Mas Dudu está certo no principal. Seus opositores têm iniciativa para agir por conta própria. Lembro, a propósito, que além de definir "coxinha" como sinônimo de antipetista, a apresentação do blog antigo salientava que nós (a maioria, devo dizer hoje) havíamos chegado aos 247 da vida como minutemen dispostos a combater os MAVs, as milícias virtuais pagas com que o PT sonhava se impor na Internet como havia feito na imprensa em geral.
"A Justiça não pode fazer mais do que está fazendo. Não seria o caso de nós levarmos à população essa preocupação e apostar na formação de coletivos populares que se dedicassem a imaginar de que maneira um golpe poderia tomar corpo no seu território? Depois de todo o elenco de possibilidades, imaginar o que teria de ser feito com antecipação e ir a instituições e divulgar essas possibilidades? Se nós não incendiarmos a consciência popular, não mobilizarmos a sociedade contra o golpe – que é uma mobilização pela democracia. Mas não em abstrato só. Acho que vamos estar vulneráveis. Tomara que isso seja só paranoia. Mas é uma paranoia que se justifica diante do que nós já passamos,"
Hahaha, eles sempre repetem essa piada. Que mobilização popular, rapá? O valor que cada lado dá à liberdade faz toda a diferença. Sem se importar que esta lhe seja surrupiada desde que receba sua ração, o gado esquerdista só vai para o combate à chicote (ônibus fretado com lanche, na versão moderna). "Mobilizar" números e notícias é fácil, Dudu, a Eloucona, experiente em Foices e Datafoices, sabe bem como fazer. Reunir gente de carne e osso é outra conversa.
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