"Raios, ele escapou de novo!", dizia o vilão do desenho animado, cada vez mais irritado com a sorte de seu adversário. Mas pode ser estratégia, não acaso. Sun Tzu já explicava que o bom general deve fingir que está fraco quando está forte, só não contava como isso enfurecia quem cai no logro.
Imagine então quem cai de novo. E de novo, e de novo. Nunca houve um presidente cujo fim foi tantas vezes previsto como Bolsonaro. Kotscho não lhe dava seis meses. Um ano depois, uma coleguinha garantia que o odiado já não governava e só aguardava uma garantia de que os filhos não seriam presos para renunciar.
E assim foi o tempo todo, repetidas vezes. Parte do ódio dessa gente ao presidente vem daí, do fato dele escancarar a debilidade de suas análises arrogantes, aparecer naqueles pesadelos em que eles se veem de cuecas no meio da rua gargalhando zombeteiramente de sua incompetência.
Os antas foram outros. Bolsonaro lhes parecia tão frágil que a tal terceira via seria um passeio. Chocando-se de frente com o muro da realidade e vaidosos demais para admitir o erro grosseiro, passaram a defender que seus leitores (quase todos antipetistas) auxiliassem o PT em termos práticos ao não votar em ninguém.
Não é uma posição política, mas uma compensação psicológica. Mesmo sabendo que ele seria muito pior em todos os sentidos, o sujeito ajuda o petismo como pode e torce intimamente para que ele vença só para poder soltar um "eu não disse?" que aliviaria seu patético sofrimento moral.
Maestria perdida
Um dos que entrou de repente nessa vibe foi o "mestre Josias". Ao contrário da maioria dos colegas, ele criticava o governo de modo relativamente equilibrado. Um dia, porém, por um motivo que eu já nem lembro qual foi, resolveu prever o apocalipse para a semana seguinte. E entrou em parafuso quando nada aconteceu.
Hoje está lá em sua coluna, criticando - acredite! - o Biden por ser conivente com Bolsonaro e não extraditar o Allan dos Santos como queria nosso STF bolivariano. Criticou também o fato do jornalista continuar a usar as redes sociais. E até a sua participação na motociata da Flórida lhe pareceu uma ofensa absurda.
Souza Tzu escreve como se acreditasse que o regimento interno do STF se sobrepõe não apenas à lei brasileira, mas também à americana e a de quem mais utilize internet. Ele sabe que isso não é verdade, não é idiota a este ponto. Mas não consegue se conter, a dor que sente é mais forte.
Uma Folha na selva
Também divertido é o artigo do ombudsman da Foice, que nos conta que só agora, dias depois, o jornal mandou alguém para acompanhar de perto as buscas dos dois esquerdinhas desaparecidos.
Confirmando o que se sabe, ele lá pelas tantas sugere que é bom ir para a rua de vez em quando, não ficar vendo o mundo só através da tela de um computador. E a gente termina imaginando a cara do correspondente, coberto de repelente para picada de mosquito e preocupado em manter o toddynho gelado naquele calorão.
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