Então está combinado, se o menino que só queria um celular for preso por assalto ou latrocínio é só ameaçar uma greve de fome que o tio Molusco vai lá e providencia sua libertação. No Brasil, no Brasil. Em Cuba ele pode morrer de inanição mesmo que seu crime tenha sido apenas protestar contra o governo.
Recordar e contextualizar permite ver quem são realmente as pessoas. Foi em 1989, às vésperas da eleição, que prenderam os sequestradores do Abílio Diniz com camisetas e outros materiais promocionais do PT.
"Maracutaia!", a palavra ganhou as manchetes pela boca dos petistas, que acusaram a polícia de forjar uma ligação entre o partido-quadrilha e o MIR, quadrilha terrorista de extrema-esquerda que usava sequestros para se capitalizar. Eles nem se conheciam direito, garantiam os colegas do então prefeito Celso Daniel.
Pois no ano seguinte a ditadura cubana fundou o Foro de São Paulo e lá estavam, trocando beijinhos, o partido-quadrilha e a quadrilha do MIR (além dos narcoterroristas das FARC, os bolivarianos do Chavez, os sandinistas do Ortega e outros grupos comprometidos com a causa na América Latina).
Dominada pela esquerda, a imprensa não tocava no assunto e qualificava a própria existência do Foro como paranoia, fake news da época. As exceções eram Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo, algo que este recordava com orgulho em colunas da Veja ao alcance de uma pesquisa no Google.
Naquele tempo não havia Google e o pessoal não entendia muito bem a Internet. Mas a parte pública das decisões tomadas nos conclaves entre as gangs estava lá, nas Resoluciones que eram postadas no site do Foro de São Paulo, administrado por aquele partido brasileiro que não conhecia o MIR.
No que tange ao Brasil, impedir que auxiliássemos o Plan Colombia (de combate ao tráfico internacional de cocaína) e libertar os "presos políticos" que sequestraram o Diniz eram temas frequentes. E não dava outra, saía no site num dia e no outro os deputados do PT berravam as ordens que haviam recebido na Câmara.
Não só isso. Breno Altman se apresentava como "porta-voz" dos sequestradores mais ricos, oriundos do Canadá. Eduardo Suplicy parecia um missionário daqueles antigos em sua cruzada para libertar os demais. O PT inteiro lutava pelos companheiros.
O ex-presidiário não está mentindo quando diz ter procurado Renan e FHC para soltar seus meninos criminosos. Mas a conversa muito provavelmente foi outra. E o contexto em que sua ação se insere foi bem diferente do que ele tenta cinicamente transmitir, ainda mais escandaloso que este.
Quem deveria lembrar do que lembramos aqui era a grande imprensa, bastava um cantinho em algum jornal. Mas o que esperar de quem negou a existência do Foro de São Paulo até onde deu e nunca perguntou por que os petistas se preocupavam tanto com gente que diziam desconhecer na época do sequestro?
Os que falavam disso morreram, num caso apenas moralmente.
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