Guilherme Baumhardt está na Europa e não encontrou a Greta, mas fala sobre gente como ela e o assunto que a deixou famosa. Não, não é o "aquecimento global". O termo foi alterado para "mudança climática", como se esta não tivesse sido sempre a norma. Sei, é cansativo. Guilherme concorda. Mas há novidades.
Gente cansativa Quem acompanha este espaço sabe: tenho sérias restrições ao discurso terrorista de aquecimento global. Não significa vetar o debate - que é necessário e bem-vindo. Mas o catastrofismo impera e, com ele, a racionalidade foi para a lata do lixo faz tempo. O alarmismo avisa que seremos fritados como ovo no asfalto da Califórnia. E no dia seguinte ligamos a televisão e o noticiário anuncia: "Onda de frio recorde atinge a Europa". Os profetas do caos dizem que a Terra nunca esteve tão quente, para dias depois nos depararmos com a informação de que temperaturas elevadas já foram registradas décadas atrás. Não, o assunto não é tão simples quanto as linhas acima podem fazer crer. Mas não há uma versão sólida e consolidada a respeito. Sim, o mundo pode estar passando por mudanças climáticas profundas (o famoso climate change, que enterrou o global warming - aquecimento global -, sepultado depois de nevascas jamais vistas antes).
A grande pergunta parece ser: temos realmente todo esse poder, de interferir na temperatura do planeta de forma tão direta? Ou os ciclos independem do que fazemos ou deixamos de fazer? Escrevo da Europa, continente no qual as principais potências econômicas parecem ter feito sua escolha: o futuro energético reside no hidrogênio, especialmente o "hidrogênio verde", obtido com a utilização de energia proveniente de fontes renováveis e que não emitem carbono. A ingenuidade nos leva a acreditar que se trata de uma boa ação, pensando no futuro das próximas gerações. É possível que sim, que exista uma boa dose de altruísmo. Mas tirar a venda nos ajuda a enxergar além. E ver que existem interesses econômicos, de um continente que tem poder de fogo para pesquisar e criar novas fontes de energia, capazes de movimentar uma indústria (essencialmente europeia) que vislumbra um mercado infinito de possibilidades, de países e consumidores que precisarão substituir bens de consumo como carros e afins, por novos e mais modernos. Ah, e claro, de uma Europa que quer se ver livre da dependência do petróleo mundial. O hidrogênio pode ser obtido de algumas maneiras e em diferentes lugares. Significa deixar de ser refém daqueles países que hoje são detentores das reservas. Significa se ver livre do monopólio da OPEP, o cartel que define preços e volume de óleo produzido no mundo. Deixando de lado a ingenuidade, não é difícil imaginar que os combustíveis utilizados nos países emergentes poderão ser usados como argumento para justificar bloqueios e barreiras comerciais. Se França e outros já fazem o que fazem hoje, terão apenas mais uma ferramenta em mãos para travar produtos brasileiros, por exemplo.
Enfim, se este é o caminho e há um mercado com grande potencial, que o Brasil não perca o bonde. Sem embarcar em radicalismos, não esquecendo que possui reservas consideráveis de petróleo e que não há razão para deixá-las de lado tão cedo. Mas preparem-se: como o hidrogênio pode ser obtido da eletrólise da água, não faltarão cabeças de vento para dizer que estaremos exportando nossa água - gente que ignora correntes de vento, frentes frias e quentes e a umidade presente no ar.
Duvidam? Foi o que ouvi de um deputado comunista, anos atrás, ao defender a suspensão das exportações de soja. "Estamos mandando nossa água embora!", bradava ele. Se a patetice encontrasse algum respaldo na realidade, já estaríamos vivendo em um deserto há muito tempo. Pena que em casos assim não podemos sequer sugerir a instalação de um aerogerador, de uma turbina eólica no cabeça de vento.
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