sexta-feira, 3 de junho de 2022

Duendes tristes

Há coisa mais intelectualmente desonesta do que se aproveitar de uma exceção para apresentá-la como regra, falar do gol de honra sem mencionar os sofridos? Pois foi o que fez a gordinha esquerdista Cristina Tardáguila, autonomeada verificadora da verdade da tal Agência Lupa, em sua coluna no UOL.

O caso é que, depois da mais recente pesquisa do instituto, o ministro Mário Faria perguntou, em seu twitter, em quem as pessoas mais confiavam entre "Papai Noel, duendes, Pinóquio ou Datafolha". E, para tristeza dos duendes, venceu o Datafolha.

Exultante, Cris festejou a derrota dos seres élficos e emendou fatos como o número de citações que a mencionada pesquisa teria obtido para concluir que o povo confia no instituto pertencente ao grupo em que escreve e "a falsa narrativa bolsonarista" do Datapovo se mostrou um fiasco.

Só que o conceito de Datapovo não diz respeito a um evento isolado, querida. Ele incluiu desde as enquetes com um voto por IP até o que se vê entre o povo - daí o nome, gorducha -, nas ruas, nos bares, nas empresas e nos estádios de futebol.

O Datapovo escora-se ainda na lógica e na memória das pessoas, que nunca viram um candidato impopular ser festejado por multidões e um popular fugir destas, esgueirando-se por portas laterais de aeroportos e escondendo-se em eventos limitados a correligionários que não consegue lotar.

Baseia-se ainda, o Datapovo, num enorme histórico de "erros" como o da eleição presidencial passada, que não precisamos repetir aqui. Erros estes que invariavelmente favorecem gente vinculada ao petismo: a débil mental senadora, Requião e Suplicy eleitos, Manu prefeita na boca de urna e por aí afora.

Será que a fofete não sabe disso? Finge não saber. É assim que age o braço da esquerda ao qual ela pertence. Você recorda que o ex-detento chamava as bolsas de esmola e eles não comentam o episódio em que ele disse isso a sério no tempo do FHC, mas outro, mais recente, em que ele apenas cita essa acusação.

A força das pesquisas

Eles são articulados, cada um cumpre seu papel no teatro que agora concentra esforços na defesa das pesquisas, a trincheira que resta depois que a militância de redação se desmoralizou e as agências verificadores nunca chegaram a convencer ninguém.

Mesmo quem as considera fajutas discute as pesquisas. Eu quase votei na Marina em 2014 porque elas diziam que o Aécio não tinha chance e me parecia menos pior uma ex-petista que uma atual. O Datafolha e o Ibope tentaram fazer do Ciro a Marina de 2018 e não deu certo, mas muitos devem ter votado nele por isso. Outros eleitores gostam de jogar no cavalo vencedor. As pesquisas exercem influência.

Mas, supondo que eles erram por má-fé, seria possível reunir vários institutos e fazer todos darem resultados parecidos? Bem, é assim que funcionam algumas empresas de pesquisas menos conhecidas que pululam pelo nosso interior. Trataria-se de uma questão de escala.

Observe que seria muito mais difícil levar gigantes como Globo e Folha a defender narrativas tortas que incluem a censura e a prisão de jornalistas. No entanto, aí está.

No caso das pesquisas poderíamos estar falando apenas de convencer um ou dois sócios a mudar. E conversões repentinas acontecem. Numa lembrança disso, na página do UOL, Cristina aparece ao lado de Tia Reinalda. O país pode não acreditar em duendes, mas ainda é o dos petralhas.


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