quarta-feira, 15 de junho de 2022

Esquema organizado

Pensei que nada mais me surpreenderia depois de ouvir a teoria de que a melhor maneira de enfrentar o luopetismo era deixá-lo voltar ao poder e diminuir o exército adversário, retirando os mais combativos para que uma turminha de narizinho empinado e punhos de renda se encarregasse do assunto.

Pois não é que vieram me dizer que uma reportagem da Veja provaria o elevado índice de acerto das pesquisas eleitorais? Como eu sei que é mentira, disse que não perderia meu tempo. E fui brindado com um trecho alegadamente decisivo da dita matéria, no qual se dizia que o Datafoice acertou o resultado do SEGUNDO TURNO de 2018.

Realmente, pensar que os outros são tontos virou moda no Brasil. Começou na defesa das urnas butanesas e passou para a das pesquisas. Acertar o placar do segundo turno depois do primeiro é mais ou menos como prever, aos 42 do segundo tempo, que o time que vence por 3x0 levará a taça. Até eu acertei.

Não foi só ele porque os outros o acompanharam, mas o Datafoice ERROU FEIO em 2018. Precisa postar outra vez a manchete do grupo que, às vésperas do PRIMEIRO TURNO, dizia que Bolsonaro até poderia vencê-lo, mas não tinha chance de ser eleito ao final porque todos se juntariam contra ele depois?

Acho que não precisa. Mas é bom acrescentar que a pesquisa a qual se referia a notícia alegava ter ouvido 9000 eleitores em 353 municípios para concluir que Bolsonaro tinha 28% das intenções de voto.

Quem acredita em pesquisas com 2000 eleitores ficou impactado. Mas todos os que andamos pelas ruas e convivemos com pessoas reais sabíamos que aquilo era falso. E não deu outra, Bolsonaro teve 46% dos votos válidos. A conta é simples: 46-28, os institutos (a Foice e outros, repito) mentiram por 18 pontos, quase dois terços dos 28!

No segundo turno, o que restava aos manipuladores? Mentir que ele baixara dos 46% de válidos não dava. Para manter o ânimo da petralhada e ainda tentar uma reversão, a solução foi centrar fogo contra Bolsonaro nos jornais e dizer que o Kitgay se aproximava cada dia mais dele. Nas pesquisas ficou assim:

O resultado final está correto. Mas a curva está errada, pois nunca houve a diferença inicial entre os candidatos. Eles a aumentaram para que parecesse que a campanha contra Bolsonaro estava dando certo.

Como eu sei? O próprio Datafoice me informou na sua única pesquisa confiável, que é a de boca de urna que pergunta a intenção de voto no segundo turno. Eles podiam até errar o percentual de eleitores que votou no Ciro. Mas, dentro desse universo, podia-se confiar que x% votaria ao final em Bolsonaro, y% no Kit e z% em ninguém.

Eu peguei percentuais como esses e os joguei sobre os votos efetivamente conquistados pelos candidatos eliminados no primeiro turno. Dei mais alguns chutes baseado no histórico de não comparecimento e anulação. E, duas semanas antes, previ o resultado final com a mesma margem de erro dos bacanas.

Esquema organizado

Mais do que os "erros", o que chama a atenção é a organização do consórcio mídia-institutos. Aquele esquema primitivo de fazer vários institutos darem o mesmo resultado falso, muito usado por grupos picaretas em nosso interior, aqui é apenas parte de uma operação mais sofisticada.

Eles começam assim, mentindo que o inimigo está mais abaixo. Mas também são capazes de aumentar ficticiamente sua vantagem como fizeram no início do segundo turno. E de inverter igualmente a abordagem psicológica de cada situação.

No início, quando mentiam que Bolsonaro tinha muito menos, o jornalismo envolvido vendia essa situação como IMUTÁVEL. Este é o estágio em que estamos agora, em 2022. E podemos ver como o truque funciona através do exemplo dos que comentam que as pesquisas mostram uma "realidade" contra a qual é inútil lutar.

Depois, quando aumentaram a diferença no início do segundo turno, eles passaram a dizer que aquela situação era reversível, MUTÁVEL, animando o eleitor esquerdista que já estava desiludido com o "crescimento" diário do Kit.

Em cada uma dessas fases eles ganharam uns votinhos. No final, quando viram que estava muito difícil, fizeram os institutos bonitinhos darem o resultado correto e chamaram o já queimadíssimo Vox Populi para mentir grosseiramente uma última vez.

Mas agora Bolsonaro está abaixo

Ah, sim, o esquema não se repete sem adaptações. O Ibope caiu fora, o Ipespe e outros o substituíram. Hoje ninguém acreditaria que um Kit da vida poderia encarar Bolsonaro. O seu chefe é o único que tem popularidade suficiente para ser vendido como líder das pesquisas contra o presidente. Foi necessário rasgar a lei para libertá-lo. A imprensa colaborou com a palhaçada da Vaza Jato. Mas a organização, aquela em que um mero diretor devolveu quase um bilhão, não se resume a ela.


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