terça-feira, 10 de maio de 2022

Tentem Sem Enrolação

Tanto aquele empresário que queria ver os livros abertos insistiu que a contadora lhe mostrou os Boletins das Unidades - que resumiriam as despesas e receitas de cada filial numa única folha - e disse, com ar vitorioso, que bastava o patrão pegar a calculadora e conferir manualmente sua totalização final.

- Está bem, Carmen, mas como eu sei que o BU de uma filial corresponde ao que ali aconteceu? Onde estão os papéis que comprovam as despesas e receitas de cada uma para que eu possa fazer a mesma conferência na fase fundamental?

- Ah, isso eu não posso mostrar. Conforme aprendi durante minha especialização no exterior, na Escola Real de Contabilidade do Butão, essa parte do processo deve permanecer secreta.

Foi mais ou menos assim que o TSE respondeu às indagações do Exército sobre o atual processo eleitoral. Cada urna emite ao final do dia o Boletim de Urna, um PAPEL IMPRESSO com o resumo do que ali teria ocorrido. Colocados na porta da seção, os BUs podem ser fotografados e somados depois na unha.

E isso realmente acontece, disse com orgulho a Carmen do TSE. Em cidades pequenas o pessoal fotografa os BUs de todas as seções e faz uma apuração paralela, verificando quem é o novo prefeito antes da contagem oficial.

Pois é, Carmen, mas como eu sei que o BU não foi falsificado, onde está o PAPEL IMPRESSO com a informação fundamental? Como eu posso ter certeza de que o voto dado para B não desviado eletronicamente para L?

Isso não existe. O máximo que Carmen oferece é o Teste de Integridade, no qual um número ínfimo de urnas é usado para fazer uma votação de mentirinha, aberta, em que se pode somar na mão o que os "eleitores" fizeram e comparar o resultado com o BU.

Mais fácil do que parecia

Eu estava aqui imaginando como o TI poderia ser fraudado. Um sinal externo que gera uma interrupção no microprocessador e faz o programa pular a parte do desvio de votos? Um dispositivo GPS que o faz funcionar desse modo nos locais pré-definidos para os testes? Alguma outra malandragem que meus conhecimentos não alcançam?

Mas não precisa nada disso. Eu pensava que as urnas utilizadas no TI eram sorteadas. Não são. O pessoal do Exército sugeriu que elas passassem a ser. Carmen inventou uma desculpa qualquer e recusou a sugestão. As urnas do TI são escolhidas a dedo por um pequeno grupo de pessoas.

Pessoas, lembremos, são aqueles seres que podem ser chantageados e/ou subornados, duas possibilidades que não se pode esquecer quando se trata de gente sem escrúpulos lutando por poder e por centenas e centenas de bilhões.

Você prefere um depósito de 30 milhões num paraíso fiscal ou ter sua família morta num falso assalto? Parece exagerado? Nem tanto para quem não vacila em simular assaltos contra parceiros que ameaçam abrir a boca ou acha que proteger terroristas que queimam crianças vivas é estar ao lado do bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário