segunda-feira, 30 de maio de 2022

Perder de propósito, vê se pode?

Sabe por que o Brasil não ganhou a Copa? Segundo a "filósofa e ativista" Sueli Carneiro, foi por causa do racismo, porque o país prefere perder a "incluir" os negros. Ela disse isso para o tal Mano Brown, numa conversa elogiada em artigo da igualmente alucinada Milly Lacombe, colunista esportiva do UOL. Veja o trecho em questão:

O papo entre Brown e Sueli durou mais de duas horas e vale ser escutado na íntegra. Eles começam falando sobre extermínio da população negra: razões, métodos, ideologias. É uma aula. Mas, para o que interessa a esse espaço, vou direto para o minuto 52, quando ele pergunta a ela: Quantos negros tem na seleção brasileira, Sueli? Antes de responder, Sueli deixa claro que gosta muito de futebol e que assiste a Premiere League porque é onde vê africanos jogando. "Por que ninguém encontra mais jogador preto aqui?", ela pergunta em seguida. Brown argumenta que esse talvez não seja mais o sonho de consumo da molecada preta. Sueli imediatamente discorda e questiona: "Como nossos meninos foram sendo substituídos por meninos de classe média brancos? Não é possível. Tem que se fazer essa pergunta. Eles não deixaram de desejar futebol. Eles têm sido gradativamente excluídos. Pega o campeonato francês: é uma profusão de gente preta como não se vê mais aqui no Brasil, que é o tal do futebol pentacampeão e que só foi pentacampeão graças aos jogadores negros. A eles nós devemos isso. Agora: como é que eles desapareceram?" Nesse ponto Brown pergunta: eles não estão indo para outros esportes? E Sueli, em um tom mais elevado, diz: Coisa nenhuma! Estão sendo excluídos! E volta a falar da França, campeã mundial tendo maioria preta no elenco.

Em primeiro lugar, "preto", para essa gente, é o Hélio Bolsonaro. "Negro" é a soma dos pretos com os pardos, mestiços que constituem a maioria do Brasil, país em que até mesmo pessoas que parecem totalmente brancas têm uma parcela de sangue preto em suas veias.

Por esses critérios, Brito era pardo e Carlos Alberto, embora pudesse passar por branco, também. Everaldo, Pelé e Jairzinho eram pretos. Mas o resto do time de 70 era formado por brancos. Se fôssemos fazer um teste de DNA, talvez a equipe de hoje fosse mais negra que aquela.

A colega da Márcia Kulaico só tem certa razão quando fala do interesse da classe média, mas isso é questão de dinheiro. Eu lembro de quando o jornal publicou o valor da renovação do Figueroa na mesma edição em que saiu o novo salário mínimo. Fiz as contas e ele ganharia um salário mínimo por dia. Imagine os cabeças de bagre.

Hoje, quando até um futebolista mediano pode ficar milionário, nenhum pai seria louco de obrigar o menino com pinta de craque a largar o esporte para estudar medicina. Mas, mesmo assim, basta ouvir suas "histórias de superação" para verificar que a maioria dos jogadores brasileiros ainda vêm de famílias humildes.

Assim, eles começam pobres e a cor da Seleção varia de uma convocação para a outra. Só nossos grandes times é que podem estar um pouco mais brancos porque, tal como os europeus importam africanos, nós estamos importando muitos sul-americanos e a maioria dos países da região não têm tantos negros.

O outro motivo deve incomodar demais a ativista imbecil. O Brasil está cada vez mais pardo e os pardos cada vez mais claros. Existe uma tendência irreversível ao embranquecimento geral da população. Mas isso se deve à miscigenação, que é justamente o contrário do racismo que ela tanto vê.

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