No Sete de Setembro, a iniciativa e a organização foram dos verde e amarelos. Os vermelhos tentaram encarar na última hora e tomaram uma goleada de 100x1. Ontem foi o inverso, os vermelhos armaram tudo com tempo, seu próprio líder recluso falaria ao povo. Os verde e amarelos decidiram sair no último instante, só para responder.
E responderam com outra goleada. Menor, talvez uns 20x1, mas indiscutível. É sempre assim, mesmo numa convocação relâmpago e pouco importante, eles colocam mais gente na rua. Isso não significa, contudo, que o seu número seja vinte ou cem vezes maior que o dos defensores do descondenado no conjunto da população.
O que os faz vencer o duelo por público é a sua maior motivação. E esse é um problema sem solução para os defensores do retorno da corrupção institucionalizada, porque motivação vem de dentro, não pode ser imposta.
Os adeptos do ex-presidiário têm uma ínfima minoria fanática, mas o seu eleitor típico é o sujeito que deixa os outros pensarem por ele e acha que o presidente é quem o fará ir bem ou mal na vida. Com essa mentalidade de gado, ele não tem iniciativa nem para tomar uma condução e participar de um protesto.
Só que isso não importa, o voto da nossa rês vale tanto quanto o seu, pensa o sindicalista vermelho com um sorrisinho matreiro, já antevendo a hora de meter a mão no cofre outra vez. E é verdade, em termos de votação é a mesma coisa. Mas há uma diferença em termos de não votação.
Os números são similares em cada eleição. Na última, além dos cerca de 10% que anularam o voto ou votaram em branco, 20,3% do eleitorado simplesmente não deu as caras na seção. Esses números não aparecem nas pesquisas, ali pouca gente escolhe branco/nulo e ninguém diz que não vai votar. Na prática é diferente.
E a abstenção não se distribui por igual. Sabe-se que ela é grande nas regiões mais pobres e pequena nas mais nobres. Já a motivação não pode ser mensurada do mesmo modo, mas é evidente que ela também pesa na decisão de tomar a condução para votar e pode ser decisiva numa disputa apertada.
Um exercício
Entre 1.000 eleitores, L tinha 480 e B 420. Os outros 100 pretendiam anular o voto. Porém 203 eleitores acabaram ficando em casa. 20 destes estavam entre os 100 que já anulariam, restando 183 ausentes para dividir entre L e B.
Acontece que 300 dos 420 de B eram aqueles fanáticos motivados que tanto assustaram mestre Josias no artigo de ontem. A abstenção dessa turma encostou nos 10%: 272 votaram em B, só 28 não. Os outros 155 ausentes se dividiram proporcionalmente entre os 480 de L e os demais 120 de B: 124 para L e 31 para B.
Com isso, L acabou com 356 votos (480-124).
A parte menos fanática de B ficou com 89 votos (120-31). Somando isso com os 272 votos de fanáticos, B chegou a 361 votos e venceu a eleição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário