Você já sabe que o mandamento supremo é confundir constantemente o inimigo, simular dissenções, ameaçar ataques sem concretizá-los, se fingir de fraco quando forte e vice-versa. Sun Tzu na cabeça. Veja o exemplo do próprio governo Bolsonaro, quantas vezes anunciaram que ele cairia e tudo tinha acabado?
Até aqui, neste distante posto da fronteira, foi assim. Quando o general Heleno ordenou que assentássemos mais um tijolinho híbrido na manipulação mental sub-reptícia da ultradireita, nós não esperamos que o presidente se filiasse a um partido para passar a divulgar seu número entre nossos leitores como na propaganda convencional.
Não. O blog foi derrubado, estávamos perdidos. Tivemos que nos reagrupar de modo heroico. Recomeçamos do zero, precisávamos de um novo nome. Club lembrava o antigo, mas como era muito usado lhe acrescentamos um número qualquer. Uma semana depois o presidente virou 22 e tudo pareceu obra do acaso.
E o plano era que parecesse mesmo. É assim com tudo. E foi assim com o Moro, é só você ver a data em que ele saiu do governo, abril de 2020, época dos acertos para formar a base política no Congresso que até então o governo não tinha.
A pandemia precipitou as coisas, mas a ideia já era aquela. Após dominar as entranhas da máquina, bastava manter cargos como a diretoria financeira na mãos de "gente nossa" (by general Ramos) para evitar que os políticos que passariam a dirigir órgãos públicos os utilizassem para desviar dinheiro.
O problema é que muitos novos aliados pertenciam ao Centrão. A maioria dos apoiadores entendia que eles haviam sido legitimamente eleitos, não havia como substituí-los por anjos e a questão era não deixá-los roubar como na era petista. Mas uma pequena parte achava que, por terem roubado lá, associar-se a eles era compactuar com a corrupção.
Foi para catalisar esta última tendência que Moro saiu do governo. Desde então ele passou a ser aquele que manteve seus princípios, o puro que não se envolve com quem errou no passado, que poderia governar sem compromissos com ninguém, mas obteria maiorias convencendo a todos da justeza de seus bons projetos.
Era uma visão do mundo infantil. Mas não adiantava tentar explicar isso para que a defendia num nível emocional e se recusava a aceitar argumentos racionais. Essas pessoas precisavam ver o choque de seus conceitos com a realidade como numa peça de teatro protagonizada por um ator com o qual se identificassem.
E então chegou o tempo de encarar o mundo real. Filiando-se a um partido em que alguns não tinham um passado tão limpo, Moro já obrigou os puros a admitirem que a política no Brasil é assim mesmo. Eles inclusive deixaram de criticar o Centrão para falar mal do pérfido Valdemar.
Mas essa era apenas a rachadura que precederia o rombo em sua muralha psicológica. De repente, ela ruiu. De uma só vez, Moro traiu sorrateiramente o antigo partido, mentiu que reside em São Paulo para alterar seu domicílio eleitoral e se associou a gente como Luciano Bivar, ACM Neto e Anthony Garotinho.
Dá para falar das más companhias de Bolsonaro depois disso? Daria se ele fosse dominado por elas e Moro dominasse as suas, mas o que acontece é o contrário. Bolsonaro já mostrou que controla a turma na prática, Moro está sendo um joguete na mão das raposas. E isso como mero candidato, imagine como presidente.
Não se preocupe com o destino do ex-juiz porque mais tarde ele voltará à cena em outro papel. A questão agora é deixar cada antigo defensor da pureza absoluta processar os acontecimentos em sua cabeça e chegar às conclusões óbvias.
A maior parte o fará. Só alguns, por birrinha, ainda tentarão negar os fatos que os esbofeteiam. Mas até estes serão resgatados em breve. Eu só não posso dar detalhes do plano porque para isso precisaria ter autorização expressa do general Heleno.
Quanto às revelações que acabamos de fazer, não há problema. Se quiserem nos cobrar por elas, bastará dizer que é tudo piada e ainda rir de quem não entende o meme. Mas será brincadeira mesmo? Será sério? Estamos fortes nos fingindo de fracos? É o contrário? É algo totalmente diferente?
Ninguém nunca saberá. Deixar o inimigo em permanente confusão, reitera o general Heleno na abertura de cada reunião, é o mandamento supremo da guerra híbrida.
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