quarta-feira, 13 de abril de 2022

Mensagem de amor

Diz uma notícia por aí que pesquisadores americanos contrataram - a R$ 70 por hora - pessoas que só assistiam ao noticiário da Fox para ver o da CNN durante alguns meses. Ao final do prazo, inquiridos sobre diversos temas, os contratados teriam se mostrado "menos radicais" que aqueles que continuaram a ver a Fox.

Esse pessoal poderia nos pagar para ler os esgotos da vida. Mas gente como nós, capaz de dedicar mais tempo aos adversários, é exceção. A regra é o sujeito tender a concordar com o ponto de vista dos veículos e comunicadores a que mais se expõe.

É por isso que foi uma boa trazer o Datena para concorrer como senador. Goste-se ou não, o gordão tem uma enorme influência sobre a população. Em casa, na lotérica, no bar, todos o assistem de vez em quando. E ultimamente ele andava batendo bastante no governo, culpando o presidente por tudo. Agora deve ter parado.

Love, love, love

Especialista em TV do UOL, Mauricio Stycer está furioso com o fato da Igreja Universal fazer campanha disfarçada para Bolsonaro através do programa "The Love School - Escola do Amor", apresentado pela filha e pelo genro de Edir Macedo.

Um recente episódio do programa tratava de como evitar que a crise econômica afete a vida do casal e atrapalhe o relacionamento. E aí, após a introdução, veio aquele noticiário condensado dizendo que a inflação aumentou, a economia não está crescendo tanto etc. Isso vai ferrar com Bolsonaro, deve ter pensado Stycer.

Mas sua alegria acabou quando o casal retomou a palavra e passou a lembrar que a tragédia estava prevista e foi causada pelo pessoal do "fique em casa". Eles até ironizaram os bonitinhos. Para concluir com um duplo sentido muito bem embalado, o genro do Edir reiterou que não se pode culpar ninguém pelo que acontece:

É importante entender isso para não ficar apontando os dedos para ninguém. Apontar o dedo para a sua mulher, para o seu marido, ficar culpando. A culpa não é minha, não é do outro. É da situação que o mundo está passando agora. Em vez de ficar apontando o dedo para uma coisa que não pode mais ser mudada, a pergunta é: o que a gente pode fazer agora para lidar com essas dificuldades?

Tocando corações

O quanto as atuais pesquisas são fajutas é difícil dizer, mas o certo é que a opinião do público não permanecerá a mesma daqui até a eleição. É para isso que existe a propaganda, que os políticos tanto lutam por verbas para bancá-la. Até o fã da Fox muda um pouco se assistir a CNN. E a maioria pode mudar ainda mais.

Só que aqui também vale a regra de que a melhor propaganda é ser bem falado. E aí, tanto no mundo físico como no virtual, conta o fato de se ter uma militância mais engajada, de se colocar na rua um milhão quando o inimigo mal chega a dez mil.

Conta ainda transmitir seu recado de uma posição respeitada, por mais tempo e com pouca oposição. Os Stycers da mídia mentirosa continuarão cuspindo seu discurso de ódio. Mas nos cultos, nos lares, nas redes e nas TVs, muito mais gente será tocada por mensagens positivas como a da Escola do Amor.


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