quinta-feira, 28 de abril de 2022

Decapita, Conan, decapita


Tendo entrado no clube por último e ainda tentando demonstrar sua fidelidade, Tia Reinalda chegou a atravessar a rua para pisar na casca de banana da inconstitucionalidade daquilo que agora, em sua mais recente coluna, chama de "perdão, ou que nome tenha".

Os outros sentiram o golpe e perceberam que não dava para insistir na tese de que lei não é o que está escrito, mas, por mais absurda que seja esta decisão, aquilo que o STF decidir que é. Aqui e ali, alguns levantam até a possibilidade de que talvez, quem sabe, a politização de alguns ministros tenha certa culpa em cartório.

Um destes é Conrado Hübner Mendes, que, em artigo na Foice, revela-se subitamente crítico ao exibicionismo de gente como Barroso, que vive a falar fora dos autos e com escancarada parcialidade política. Até para Gilmar Mendes, sempre tão protegido por aquelas bandas, sobrou um pouco de chumbo.

Chumbo leve, de espingardinha de pressão, que nem de longe afeta o cerne da questão. Como muitos, Conrado está chateado porque o pecador falou demais no boteco e se desmoralizou no vilarejo, não com os pecados em série que ele cometeu.

Foram muito, é até difícil dizer qual teria sido o mais grave. Mas, se o critério for tumultuar o país, creio que o escolhido deveria ser a "descondenação" do conhecido criminoso para que o presidente Bolsonaro pudesse ter um adversário com popularidade na próxima eleição.

As tais "mensagens da Vaza Jato" eram um absurdo porque não diziam nada demais, não havia uma que fosse grave quando isolada da "interpretação" que lhe era dada pelos malandros do Intercept. E não havia nem mensagens reais, mas sim supostas transições de algo que jamais foi mostrado.

Como admitir que um sujeito que se torna candidato nessas condições possa presidir o país? Ainda mais sabendo que o resultado das urnas não pode ser auditado e está sob controle do mesmo grupo que irregularmente o libertou? Que havia uma lei para imprimir o voto e eles lutaram contra ela como leões?

O "se" nunca entra em campo, mas dá para imaginar como estaríamos agora se as leis tivessem sido cumpridas. Ninguém teria sido retirado da cadeia para virar candidato. E ninguém estaria preocupado com quem o pessoal do STF apoia ou não, pois os votos seriam conferidos manualmente sem deixar espaço para contestações.

Não foi assim, eles escolheram a opção do conflito, da virada de mesa, do pagar para ver. E já saíram desmonetizando, processando e prendendo para botar medo na turma e se prevenir contra reações. Só que estas vieram e podem se tornar muito mais fortes se tentarem levar o plano de entregar o país para o ex-presidiário até o fim.

Esse é o cerne do problema, os adoradores da víbora decidiram sacrificar qualquer coisa para trazê-la de volta e é preciso pisar novamente em sua cabeça. De preferência decapitá-la, ao estilo Conan.


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