Eu não sei se alguém como o Jamil Chade, que chegou a acreditar no meme do Bolsonaro Nobel da Paz e espalhou a fake news do telefonema para Putin, é realmente idiota ou apenas finge para garantir sua boquinha e fazer sucesso entre certo público. Mas o fato é que não dá para discutir no nível de gente como ele.
Não vou pedir um "debate elevado", desculpa que os petistas davam para fugir das discussões com quem usava termos ofensivos a seus líderes larápios. Pode ofender à vontade, nunca tivemos problema com isso. Mas não é demais pedir um debate inteligente, com um mínimo de conhecimento da realidade.
Como bem lembrou ontem o Badaró, como se explica que, sendo uma espécie de agência independente, o Itamaraty tenha sistematicamente ficado ao lado de Cuba na era petista e contra a ditadura comunista no período bolsonarista? E a resposta é que não se explica, porque ele não é uma Anvisa.
É claro que dentro do Itamaraty há, como em qualquer lugar, pessoas com as mais diversas opiniões politicas. Existem, como em qualquer lugar, disputas internas. Mas quem decide coisas como a posição oficial do país em algum assunto é gente nomeada pelo governo eleito. Isso é básico, primário, não se discute.
Até se entende que uma imprensa dominada pelo petismo tente vender a versão infantil de que o Itamaraty tomou uma posição contrária a do presidente. Há um público suficientemente ignorante ou desatento para não perceber a incoerência da ideia e o petismo vive da exploração desse baixo nível.
Mas um debate minimamente inteligente não pode descer ao nível do eleitor petista médio. Pode-se discutir a própria imprensa, se seus membros acreditam mesmo no que escrevem, o que se quiser. Mas não comprar uma narrativa idiota dessas, que além de tudo se desvia das questões principais.
O presidente brasileiro está acendendo uma vela para cada santo, o que aliás é muito comum na política e até em relações pessoais. Ele está exagerando? O que ele pretende realmente com isso? Quer ficar bem com a Rússia por algum motivo secreto? Seu grande foco é o público interno por causa da eleição?
Tudo isso e muito mais pode ser discutido. E todo mundo pode achar que o presidente é sacana ou não é, está certo ou errado. Mas não dá para entrar num enredo de comédia pastelão em que ele é um trapalhão enganado por um "Itamaraty" que assume posições próprias sem o chefe saber.
Até porque o chefe não é só ele. É ele e toda a "gente nossa", como dizia o general Eduardo Ramos na entrevista aqui reproduzida em 31 de janeiro. Alguém acha que foi Bolsonaro sozinho, sem apoio, que conseguiu o fenômeno de controlar toda a máquina pública a ponto desta não ter um único caso de corrupção em mais de três anos?
É essa gente que está sendo enganada pelo diplomata petista encostado que dá entrevista repleta de rancor ao UOL? É dali que saem as "fontes" que os Jamils da vida inventam para edulcorar suas narrativas pueris? Não vamos fazer drama com o nível do debate, mas não dá para levar a sério o jornalismo de dedada no olho.
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