Independente de conterem uma margem de erro aparentemente tão grande quanto as da temporada passada, o fato é que as atuais pesquisas estão mostrando um preocupante crescimento do ressentimento entre nós.
Na penúltima da Datafoice, em dezembro, o candidato da amorosa aceitação vencia o monstro dos maus sentimentos por 53 a 36 na faixa dos que ganham entre dois e cinco salários. Agora eles empatam em 45 a 43. E a explicação para isso só pode estar no que começou justamente em dezembro: o Auxílio Brasil.
Com o quatrocentão, todos aqueles pobres bondosos que votam no larápio subiram na vida. Mas os que estavam próximos do limite mágico acabaram por ultrapassá-lo e se juntaram ao grupo dos ressentidos que idolatram o atual presidente. É simples, é só seguir a ciência social que você chega lá.
Isso também explica porque o condenado mandava dar só duzentão. Ele sabia que se o pobre ganhasse acima do limite já se imaginaria de óculos escuros, dirigindo um táxi e palitando os dentes enquanto falava mal do mundo. E o pior é que ele ainda nem teria o táxi, seria um ressentido no nível máximo, até com o vizinho taxista.
Uma mão na direção, outra no carinho
Falando em eleição passada, o clima dessa história do mendigo me lembra o da mamadeira erótica. Eu até procurei para ver se os teóricos dos antigos astronautas da guerra híbrida não estavam dizendo que tudo era uma das inúmeras psyops que a direita lançará para manipular o público este ano.
Não estão, pelo menos ainda não. Mas que o mendigo que se expressa melhor que muita gente boa e vários outros detalhes da história parecem surreais é inegável. Podem ser novas técnicas do Steve Bannon, tecnologias trazidas da Rússia, sei lá. Deviam mandar uma dessas agências verificadoras investigar.
O mendigo com certeza é fake, basta pensar como um intelectual esquerdista para concluir. Se aquele cara fosse mendigo seria pobre e os pobres não são bolsonaristas. Nem ressentidos que ficam cobiçando a mulher dos que estão em melhor forma física e condição financeira.
Ouro puro
Esta eu é que acho que foi armada desde o início, quando o ministro se deixou gravar dizendo algo que não tem nada irregular, mas, dito daquela forma e caindo na mão de quem procura por outra lata de leite condensado, parece ter. O acréscimo da denúncia do prefeito que já foi investigada só reforça a possibilidade.
No fim, para o público em geral, sobrará a reiteração de que o governo não desviou nenhum centavo enquanto a oposição é liderada pelo maior ladrão. E o público específico, evangélico, terá outra confirmação de que o presidente está ao seu lado.
Para melhorar, vendo algo assim o petismo não consegue conter seus impulsos. Pipocam por todos os lados os artigos chamando os pastores evangélicos de picaretas interesseiros e seus seguidores de idiotas, evanjegues ou o que seja. Dá para imaginar como esse vasto e maravilhoso material será usado.
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