A Veja diz que o bispo Abner Ferreira, líder da poderosa Assembleia de Deus de Madureira, apoiará a reeleição do presidente. Mas, questionado pela coluna Radar, teria dado "um banho de água fria nos que acham, como Bolsonaro, que o alinhamento aos evangélicos é estratégia eleitoral infalível". Bem, vamos à declaração do bispo:
"Quem decide o voto é o eleitor. Pastor não decide eleição. Nenhum líder pode impor o voto a ninguém. O máximo que podemos fazer é indicar, apontar caminhos, apresentar opções. Temos respeito e reconhecemos a legitimidade de todos os candidatos."
Isso é evidente, não sei de onde o cara tirou que há quem pense o inverso. Na eleição passada o candidato petista teve 30% dos votos evangélicos, um percentual altíssimo quando se considera que o PT pratica tudo aquilo que alguém com um mínimo de valores compatíveis com os cristãos deve renegar.
Que moral terá o fiel para afastar seu filho da gang do bairro se votar num ladrão? Como ele poderá reclamar quando o professor disser a esse filho que ele talvez não seja homem, mas mulher? Ou quando tentarem ensinar sua filha de 13 anos a colocar a camisinha nos rapazes (para não entrar em detalhes mais picantes)?
Nada disso é uma possibilidade, um temor infundado. Já aconteceu e está no âmbito daquilo que depende apenas da vontade e do caráter de quem está governando. Faz parte do pacote petista.
E agora o outro lado também foi testado. Em 2018 dava para pensar que era só promessa, mas agora se sabe que Bolsonaro não rouba e coíbe o roubo, combate a ideologia de gênero e seus kit gays, colocou alguém com valores cristãos no STF e tudo o mais.
É por isso que se pode acreditar que os líderes evangélicos estão certos quando dizem que o apoio ao presidente é maior hoje do que em 2018. E de qualquer maneira eles vão relembrar esses fatos nos próximos meses. Isso será feito pelo Abner, pelos outros bispos, pelos pastores, pelos obreiros, pelas redes de zap...
Do outro lado, nem serão muito contestados. O vampiro foge da luz, o demônio da discussão direta. Seus adeptos mentirão que não apoiam o aborto, mentirão que o ladrão não é ladrão, mentirão, mentirão... Mas eles tentarão principalmente mudar de assunto e convencer os fiéis de que fizeram e poderiam fazer melhor em termos de economia.
Acontece que isso também é mentira. O PT pegou uma situação internacional espetacular no início, mas foi tão incompetente e desonesto que acabou deixando a pior recessão da história no final. Bolsonaro, que pegou até pandemia e guerra, foi um dos que melhor se saiu dessas situações. Basta comparar cada época com a dos vizinhos para conferir, algo também fácil de fazer e disseminar em linguagem simples.
Ainda que o fiel seja convencido pelos ardilosos de que a parte do PT é só aquela em que estava bom, o que garante que basta colocar o partido no poder para a economia melhorar? Nada garante. E a falácia do cum hoc ergo propter hoc pode ser igualmente desmascarada com simplicidade.
No fim, valeria a pena apostar numa hipotética (e pequena) melhoria econômica contra uma degradação certa do aspecto moral? Os defensores dessa aposta acreditam que vale porque eles são assim, falsos defensores de valores mais altos, maldosos e repletos de ódio (basta ver como se referem ao presidente), capazes de tudo deixar para seguir quem lhes prometa apenas ter o bucho um pouquinho mais cheio.
Entre os evangélicos (de quem estamos tratando aqui) há quem no fundo pense do mesmo modo? Sem dúvida, mas eles não devem ser tantos. Como foi dito antes, se essa turma chegar a 30% do total já é muito.
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